D. José Cordeiro critica procedimento de «algumas organizações e comissões» paroquiais
Bragança, 22 mai 2015 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda destacou numa nota pastoral a importância das festas religiosas que vão marcar o tempo de verão, convidando as suas comunidades a viverem-nas na sua “dimensão fundamental cristã”.
No texto enviado à Agência ECCLESIA, D. José Cordeiro frisa que “festa cristã”, a começar por cada domingo e passando pelas festividades dedicadas aos santos, é mais do que “um mero passatempo” ou algo que se insere no “circuito comercial” de uma região.
Ela “traz em si mesma a afirmação do valor da vida e da criação, tornando o viver de cada um mais humano e digno”, sublinha o prelado, que aponta como “um enorme desafio superar o aspeto pagão, comercial, utilitarista e laicista da festa”.
Para o responsável católico, chega a ser “escandaloso” o modo como “algumas organizações ou comissões de festas” privilegiam os aspetos “exteriores” à celebração, “entre eles a excessiva quantidade de foguetes ou as somas avultadas para conjuntos musicais”.
“Movem-se mais na vertente económica e lúdica”, uma forma de atuar que, segundo o bispo de Bragança Miranda, “contradiz o Evangelho e a fé da comunidade”, pelo que é preciso “recuperar e não deixar perder o sentido” de tudo isso.
D. José Cordeiro pede “maior cuidado” na “gestão das esmolas, ofertórios” e outro tipo de “coletas” entregues no “altar da Eucaristia”, que “devem reverter exclusivamente para o culto, a evangelização e a caridade”.
Alerta ainda para a atenção que cada paróquia, comissão de festa ou confraria deve ter quanto ao “pagamento das licenças devidas pela realização da festa”, junto da “Cúria diocesana”.
Um procedimento que está inscrito nas “normativas da Igreja”, que se destina a ajudar a suprir as “necessidades coletivas da diocese”, mas que tem encontrado “alguma resistência”, aponta o prelado.
O atual presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade destaca na sua nota as férias e as festas cristãs como momentos privilegiados para “quem teve de emigrar para longe da sua casa e da sua terra” se “reencontrar com a família”.
Ao mesmo tempo, “devem ser bem aproveitados para a reflexão, avaliação e descanso, sem nunca descurar o “dia do Senhor”, a eucaristia dominical.
Porque o domingo fica muitas vezes “diluído e reduzido a um fim-de-semana”, D. José Cordeiro considera fulcral que os cristãos também “redescubram o seu sentido verdadeiro”.
“Pois, se o Domingo deixar de ser um dia no qual haja espaço para a oração, o repouso, a união e a alegria, pode acontecer que o homem permaneça encerrado num horizonte tão restrito, que já não lhe permite ver o céu”, sustenta o bispo, citando uma ideia deixada pelo Papa João Paulo II.