Envelhecimento: Mais do que «dar anos à vida» é preciso «dar vida aos anos»

Considera o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, durante o Congresso Nacional a decorrer no Fundão

 

Fundão, Castelo Branco, 03 jun 2016 (Ecclesia) – O presidente da União das Misericórdias Portuguesas  (UMP) sublinhou hoje a necessidade de soluções que assegurem a dignidade das pessoas idosas, numa era em que “a esperança de vida é cada vez maior”.

 Em declarações à Agência ECCLESIA, no âmbito do Congresso Nacional da UMP que decorre no Fundão, Manuel Lemos recordou que “o paradigma social mudou” e nesse sentido “já não basta dar anos à vida”.

“É preciso dar vida aos anos” e proporcionar às pessoas mais velhas “participação na vida comunitária, pois elas têm um percurso de vida, uma sabedoria que é muito importante para as sociedades modernas”, apontou.

Subordinado ao tema “Misericórdias: Marca de solidariedade”, o 12.º Congresso da UMP está a focar-se na questão do “envelhecimento” e na importância de “integrar melhor as respostas sociais de todas as áreas, da saúde à segurança social”.

Para Manuel Lemos, é fundamental que haja maior “articulação” na busca de soluções, um problema que se estende a “todos” os atores, desde o Estado às organizações que trabalham no setor social.

“Primeiro legisla-se num sentido, depois noutro, só se olha para determinados problemas. Até há aqui uma preocupação virtuosa mas no fim perdem-se coisas importantes que resultavam da articulação, que melhoravam a vida das pessoas e que baixavam necessariamente os custos”, frisou o presidente da UMP.

Com este evento ou com outras intervenções públicas, as Misericórdias “não se querem substituir ao Estado nem querem ser um Estado dentro do Estado”, mas sim “cooperar com o Estado” na busca de “situações que sejam boas para as populações”.

“Nós sabemos que nos termos constitucionais, as competências para as políticas públicas pertencem ao Estado. Neste contexto, todos somos Estado e temos o dever de o ajudar”, disse Manuel Lemos.

“Perante aquilo que atinge as populações, que é fácil e demagógico, nós podemos ficar calados e fazer de conta que não ligamos, ou dizer o que é, com toda a frontalidade, dando a cara por aquilo em que acreditamos”, complementou.

Durante o congresso, o primeiro-ministro português, António Costa, anunciou um reforço de 8 mil camas para a Rede Nacional de Cuidados Continuados, projeto que conta com a participação das Misericórdias.

Segundo o presidente da UMP, esta medida vai ao encontro do que era pretendido, uma vez que sempre foi evidente “um défice muito grande de cuidados continuados”.  

Tendo acompanhado a criação da referida rede “desde o início”, Manuel Lemos considera o projeto “um excelente exemplo de articulação”, que não foi conseguida sem esforço.

Primeiro entre “o Ministério da Saúde e o Ministério da Segurança Social, depois entre o Ministério da Saúde e as instituições e seus prestadores”.

“Mas não há dúvida nenhuma que hoje estamos num outro plano, porque se percebeu que a articulação era virtuosa para as pessoas e também para o Estado, porque este gastava menos para fazer mais”, salientou.

O 12.º congresso nacional da UMP termina este sábado, com a sessão de encerramento a estar a cargo do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

Manuel Lemos destacou o sucesso dos trabalhos, até agora, marcados pela “maior participação de sempre”, em termos do número de misericórdias inscritas e também de representantes do mundo académico, das universidades.

“Este cruzamento entre quem pensa e investiga, que são as universidades, e quem está no terreno, as Misericórdias, é um motivo de muita alegria para todos nós”, concluiu.

Agência Ecclesia

 

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