É possível operar a mudança

Artigo publicado em “Valores, Ética e Responsabilidade” – ACEGE, 8 setembro 2016

 

A Fundação Aga Khan Portugal está a realizar por estes dias um workshop intensivo de fotografia dirigido a jovens de contextos diversos, liderado pelo ex-executivo americano e fotógrafo filantropo Fredric Roberts. A iniciativa enquadra-se numa actuação assente na capacitação para a mudança a partir de uma lógica de participação plena e acção colectiva. Em entrevista, a directora programática da Fundação, Anne Harrop, explica como a sistematização e disseminação de conhecimento através de vários canais e blended-learning permite inspirar a adopção de novas práticas por parte de parceiros e decisores
POR 
GABRIELA COSTA

“O problema essencial nas relações entre o mundo muçulmano e o Ocidente não é o inevitável choque civilizacional, é um choque de ignorância (…) Ao invés de gritarmos uns para os outros, devemos escutar-nos e aprender uns com os outros” – Shah Karim Al-Husseini, Aga Khan o IV, na atribuição do “Prémio de Tolerância” da Academia Evangélica de Tutzing (20 de Maio de 2006)

Grupo de costureiras mobilizado pela equipa de terreno da Tapada das Mercês (Sintra) © FAK Portugal

Uma sociedade pluralista com uma ética cosmopolita. É esta a visão do 49º imã dos muçulmanos ismailis, descendente do profeta Maomé, Príncipe Aga Khan o IV, sintetizada nas palavras da directora programática daFundação Aga Khan Portugal. Em entrevista ao VER, Anne Harrop sublinha que trabalha desde sempre sob a perspectiva de “encontrar soluções para conectar pessoas e construir entendimentos”.

Um propósito alinhado com a actuação da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN) que, através de um conjunto de organizações, intervém na melhoria da condição das populações mais desfavorecidas, especialmente em África e na Ásia, acrescentando sempre “valor e massa crítica” ao desenvolvimento económico, social e cultural de cada região, tanto em meios rurais como urbanos.

Em Portugal, esta rede promove desde 1983 o diálogo com a CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e vai agora criar a primeira Academia Aga Khan na Europa, investimento anunciado recentemente, na sequência da decisão de instalar a sede mundial do Imamat Ismaili em Lisboa. Proporcionando um ensino de excelência que valoriza o mérito e o talento, o projecto, de que o VER dará conta oportunamente, irá acolher, a partir de 2018 e numa primeira fase, cerca de mil alunos dos cinco anos até à idade universitária, de todas as classes sociais.

Também a todos, numa lógica de participação plena e acção colectiva, se dirige a Fundação Aga Khan Portugal, agência da AKDN que aposta em investigação e intervenção nas áreas da educação e desenvolvimento social e comunitário, contribuindo para melhorar a qualidade de vida das comunidades (incluindo de imigrantes), e para desenvolver o pluralismo na sociedade.

A Fundação Aga Khan está inserida na Rede Aga Khan para o Desenvolvimento e tem uma vasta actuação geográfica pelo mundo em vários domínios e área programáticas. Como encarou o desafio, há já três anos, de trocar o trabalho na Fundação Aga Khan UK pela actual experiência em Portugal, país tão diferente do Reino Unido?

Anne Harrop, Directora Programática da Fundação Aga Khan © FAK Portugal

Cresci numa família na qual um dos meus pais provém da classe média e o outro de um contexto muito tradicional de classe trabalhadora. Desde os meus tempos de infância que experienciei duas formas distintas de crescer e isso tornou-me curiosa sobre diferentes atitudes e formas de pensar e de fazer as coisas.

Experienciei ainda formas de tensão ou mal entendidos que podem acontecer entre pessoas com falta de consciência sobre as suas próprias diferenças, mas também a oportunidade e a riqueza de ter na minha vida experiências diferentes.

Tudo isso influenciou o meu padrão de vida. Licenciei-me em Antropologia Social na Universidade de Sussex e viajei bastante para continuar a experienciar e aprender com pessoas que vivem as suas vidas de forma diferente da minha, por exemplo, recentemente no Irão. Profissionalmente sempre procurei trabalhar para encontrar soluções para conectar pessoas e construir entendimentos e relações fortes.

Por isso, quando surgiu a oportunidade de trabalhar para a Fundação Aga Khan UK, em 2010, com o propósito de desenvolver soluções para apoiar a integração de pessoas em contexto migrante na Europa, fiquei bastante interessada. E fico sempre cativada com a visão de Sua Alteza Aga Khan sobre uma sociedade pluralista com uma ética cosmopolita.

Para mim, trabalhar em Portugal é bastante natural, pois aguça a minha curiosidade de vivenciar culturas diferentes. Umas vezes isto pode ser frustrante, mas outras é verdadeiramente libertador: o modo hierarquicamente formal de se trabalhar em Portugal é sufocante, mas adoro a maneira como as pessoas trabalham em conjunto para fazer as coisas acontecer com base na confiança, nas relações e nas comunidades.

Os objectivos da AKDN e da Fundação Aga Khan em Portugal motivam-me verdadeiramente e tornam a minha presença em Portugal muito mais fácil.

A Fundação Aga Khan trabalha na investigação e intervenção em áreas relacionadas com  educação e desenvolvimento da infância. Que balanço faz dos vários projectos que vêm implementando para o desenvolvimento, em Portugal, da Pedagogia em Participação?

A intervenção na infância é uma prioridade das várias Agências da AKDN em todos os países do mundo onde trabalhamos. Este é um tempo muito crítico para o desenvolvimento da criança, pois o que experiencia nos seus primeiros anos estabelece as bases para que consiga atingir o seu potencial mais tarde.

O propósito do nosso trabalho global na primeira infância e na educação é assegurar que os alunos obtenham o conhecimento, as competências, as atitudes e os valores que os ajudem a interagir efectivamente com o mundo e a serem membros activos da sociedade. Fazemos isto promovendo o acesso a oportunidades educativas e melhorando o desempenho e o fortalecimento dos sistemas e das instituições locais, para desenvolverem lideranças e capacidades.

O Centro de Desenvolvimento da Primeira Infância nos Olivais Sul é já uma referência em Portugal © AKDN/Lucas Cuervo Moura

O objectivo principal das agências da AKDN é empoderar pessoas para que sejam capazes de encontrar soluções para melhorarem a sua vida e a qualidade de vida das suas comunidades. Em parceria com a Associação Criança, a Fundação Aga Khan Portugal implementou a Pedagogia em Participação no Centro de Desenvolvimento da Primeira Infância nos Olivais Sul. Esta pedagogia coloca a criança e a sua família no centro da aprendizagem. É uma abordagem participativa que respeita totalmente a criança e as suas ideias e que desenvolve as suas capacidades e confiança.

Para encorajar e ajudar outras entidades a adoptar esta pedagogia, ou uma semelhante, a Fundação Aga Khan Portugal, em parceria com a Associação Criança, desenvolveu um Mestrado em Educação de Infância (que integra a oferta da Universidade Católica de Lisboa) e dá apoio a sete centros infantis afiliados. Em Outubro de 2016 irá estender a sua acção à Católica do Porto, com um curso de formação especializada. Através da formação de profissionais de educação de infância estamos a fortalecer as suas competências.

A Fundação está também a apostar na facilitação de uma rede de centros de primeira infância que estejam comprometidos com as pedagogias participativas, para que todos possam partilhar as suas experiências e aprendizagens, fortalecendo a sua prática.

Que outras iniciativas educativas destaca, em áreas como a literacia e a interculturalidade?

Desenvolver a leitura nas crianças é uma das formas mais eficazes de dar às crianças um bom início de vida. Sabemos que as crianças que escutam leituras nos seus anos pré-escolares têm melhor desempenho nas suas vidas. Tendo esta premissa por base, os nossos programas de literacia visam dar apoio às crianças e às suas famílias nesta importante componente. O Programa de Literacia Familiar “Conto Contigo” trabalha através de bibliotecas para atingir os pais e encorajá-los a ler para as suas crianças, aproveitando o prazer dos livros. Através desta prática melhoramos a literacia dos mais pequenos.

Todas as pessoas, independentemente de quem são ou de onde vêm, detêm talentos e energia criativa

Outra área importante é o fortalecimento de competências interculturais de professores. O que é cada vez mais importante em Portugal, já que cada vez mais pessoas chegam a Portugal vindas de países com diferentes culturas e não falando bem a língua portuguesa (por vezes não falando de todo). Os professores precisam ter capacidade para responder a esta diversidade dentro de escola, para que possam dar a estas crianças a melhor educação e ajudá-las na sua integração e no sentimento de pertença em Portugal. O nosso programa neste domínio equipa os professores com a consciência, o conhecimento, as competências e as técnicas para que o possam fazer da melhor maneira.

Ao nível de desenvolvimento comunitário e da sociedade civil, dinamizam há já 12 anos, na Área Metropolitana de Lisboa, o Programa de Desenvolvimento Comunitário Urbano K’CIDADE. Quais são os resultados desta intervenção de animação territorial?

O Programa de Desenvolvimento Comunitário Urbano K’CIDADE assenta, desde 2004, num conjunto de convicções e a mais importante delas é a de que todas as pessoas, independentemente de quem são, de onde vêm ou do seu nível de escolaridade ou qualificação, detêm talentos e energia criativa. O que acontece é que nem sempre estão conscientes desse potencial ou encontram o espaço e as condições para o desenvolver.

Nesta visão, está muito presente a valorização da diversidade – olhar cada pessoa com as suas características, com o seu background – como alavanca de mudança.

A Pedagogia em Participação é uma abordagem participativa que coloca a criança no centro da aprendizagem

A intervenção do K’CIDADE assenta numa estratégia de animação territorial, que mobiliza as pessoas e as organizações e facilita as condições para a sua participação no desenho das intervenções, nos locais onde residem. A partir do seu envolvimento em processos participativos de diagnóstico, identificam necessidades e recursos e definem prioridades. Cada um é convidado a pensar no papel que poderá ter na concretização das acções e a considerá-lo no plano de acção, construído em conjunto. O resultado subsequente da intervenção demonstra como é possível operar a mudança. Sobrevém a sensação de poder transformador, através de acções e projectos, de dimensão variável, liderados por pessoas da comunidade.

O programa envolve moradores, voluntários e técnicos de organizações e de autarquias. Através do desenvolvimento de projectos em torno de objectivos comuns, reforça-se a capacidade local para responder aos desafios, estimula-se a saudável convivência entre pessoas com diferentes backgrounds e fortalece-se a coesão social. E ocorre um shift positivo na forma como muitos de nós olham para as pessoas que vivem em situação de desvantagem socioeconómica: de consumidoras de benefícios sociais passam a produtoras de valor social.

Nestes 12 anos de intervenção já foram alavancados mais de 60 projectos de inovação comunitária (PIC), liderados por pessoas, grupos e organizações das comunidades locais, na Alta de Lisboa, Vale de Chelas e Vale de Alcântara, em Lisboa, em Cascais, e na Tapada das Mercês e Pendão, em Sintra. Mais recentemente estão em marcha intervenções em Porto Salvo (Oeiras) e na Almirante Reis, em Lisboa, que irão sobretudo valorizar o pluralismo, os seniores e a intergeracionalidade, através de dinâmicas de desenvolvimento comunitário entre as quais se contam os PIC.

Ao longo dos anos foram mais de 80 mil os beneficiários abrangidos pelo programa que, só em 2015, se desenvolveu junto de uma população de cerca de 122 mil pessoas, abrangendo cerca de 31 mil participantes.

Estão agora a apostar na sistematização e partilha de boas práticas…

Sim, a Fundação Aga Khan Portugal está a operar um shift na forma como organiza o seu trabalho; crescentemente, procura evoluir de um modelo centrado na experimentação de soluções inovadoras para uma outra forma de intervir baseada na sistematização de conhecimento, ambicionando inspirar a adopção de novas práticas por parte de parceiros e de decisores.

Este exercício tem resultado na produção de um conjunto de materiais e recursos formativos e de apoio à implementação, em suportes diversificados, que poderão ser divulgados e utilizados através de vários canais, incluindo social media e formação através de blended-learning, para chegar a uma audiência mais abrangente.

No âmbito do fortalecimento da sociedade civil está a ser criada uma “caixa de ferramentas” para o desenvolvimento comunitário em contextos urbanos em crise, que inclui um conjunto de guias de apoio à implementação de diagnósticos participativos, de projectos de inovação comunitária e de espaços comunitários co-geridos e recursos partilhados; à capacitação de organizações de base local; e à criação de redes para a empregabilidade.

A FAK Portugal actua em prol da qualidade de vida e necessidades da população idosa © FAK Portugal

No âmbito do Programa de Educação, estão a ser preparados materiais muito diversificados, designadamente de apoio à implementação do Programa de Literacia Familiar “Conto Contigo”, e do Programa de Desenvolvimento de Competências Parentais “Gerar.te”, em parceria com um conjunto de organizações do sector da saúde.

Estão igualmente em fase de produção um conjunto de recursos técnicos de apoio à acção pedagógica de professores e líderes escolares em torno das questões da diferenciação pedagógica e do pluralismo, na gestão da sala de aula; e à acção cuidadora e educativa das amas.

Com o K’CIDADE os consumidores de benefícios sociais passam a produtores de valor social

Procurando estimular a partilha de conhecimento com um público mais alargado, estão ainda a ser desenvolvidos os seguintes projectos: capacitação de Associações de Imigrantes, através de blended-learning, em parceria com o Alto Comissariado para as Migrações; alargamento das Redes para a Empregabilidade, em parceria com a CM de Lisboa e com a CM de Sintra; e formação de amas, através de blended-learning, que visa chegar a todas as amas registadas do país.

No que respeita o vosso programa direccionado para os seniores, em que projectos assenta a estratégia com a qual a Fundação está comprometida?

Nos próximos 15 anos, a percentagem de seniores no mundo está projectada para crescer cerca de 56%. Portugal é actualmente o quinto país mais envelhecido do mundo e espera-se que seja o terceiro em 2050.

Sabemos que muitos seniores se sentem inúteis, com baixa auto-estima e com falta de confiança. Isto é reforçado pela ideia negativa de se “ser velho”. As oportunidades para que os seniores possam contribuir para a sociedade são raras (e não valorizadas) e muitos estão isolados, com poucas oportunidades para socializar e interagir. Por outro lado, as respostas formais para prestar cuidados e apoio não são flexíveis. Muitas vezes são serviços passivos de prestação de cuidados em que os cuidadores estão sob muito stress.

Portugal é actualmente o quinto país mais envelhecido do mundo e espera-se que seja o terceiro em 2050

A Fundação Aga Khan Portugal tem iniciativas em curso em vários territórios da grande Lisboa para promover oportunidades de os seniores se encontrarem, interagirem e serem considerados como tendo valor para contribuir para as suas comunidades. Em resultado da nossa intervenção, os seniores estão agora a encontrar-se para cozinhar, costurar. Outros estão a dar uso ao seu conhecimento para desenvolver actividades como liderar caminhadas no seu bairro, partilhando o seu saber e criando uma memória territorial.

Em outros territórios, promovemos o voluntariado de jovens para dar apoio a seniores, por exemplo, para ajudarem os mais velhos a fazer ou a carregar as compras. Este tipo de interacção promove laços e relações entre novos e velhos e também facilita os seniores a saírem de suas casas.

A Fundação Aga Khan Portugal está também a dar apoio a duas redes de cuidadores familiares. Através da nossa actuação, ambicionamos melhorar a qualidade de vida dos seniores nas comunidades em que trabalhamos.


Workshop de Fotografia em Lisboa © Fredric Roberts Photography Workshops

Fredric Roberts: a fotografia como instrumento de capacitação

A Fundação Aga Khan Portugal está a realizar pela primeira vez em Portugal o Programa de Workshops de Fotografia do filantropo Fredric Roberts. Desde o dia 4 de Setembro e até ao próximo dia 10 um grupo de vinte jovens dos 14 aos 17 anos, provenientes de diversos bairros e com experiências de vida diferenciadas, está a ter a oportunidade de participar num workshop de fotografia, com uma equipa de profissionais premiados, liderada pelo reconhecido fotógrafo internacional.

O Programa de Fredric Roberts visa capacitar jovens com diferentes backgrounds, a partir da utilização da fotografia manual como um instrumento de comunicação e expressão. A selecção dos participantes, que nunca usaram uma máquina fotográfica profissional, baseou-se “de forma criteriosa” no mérito e interesse demonstrados, privilegiando jovens provenientes de territórios onde a Fundação Aga Khan actua, e onde “talento e energia criativa coexistem com exclusão e oportunidades limitadas”, divulga a agência da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento.

A metodologia de formação utilizada parte de uma aprendizagem técnica que utiliza a fotografia como um elemento crucial “na desconstrução de estereótipos, na promoção de encontros improváveis (por exemplo, intergeracionais) e na capacitação e crescimento”. Tudo para que estes jovens desenvolvam um perfil de confiança, auto-estima e motivação, com o objectivo de conseguirem ser agentes da sua própria mudança.

O curso integra uma experiência no terreno onde os jovens irão explorar, através da fotografia, temas relacionados com os programas da Fundação Aga Khan em educação e desenvolvimento da infância, integração de seniores na comunidade, pluralismo e coesão social, em territórios onde actua.

Workshop de Fotografia em Lisboa © Fredric Roberts Photography Workshops / David Santos

No dia 10 de Setembro realiza-se no Centro Ismaili em Lisboa uma cerimónia de graduação onde os melhores trabalhos de fotografia serão apresentados numa exposição com 24 fotografias, dirigida aos participantes, membros das comunidades fotografadas e a várias personalidades convidadas.

O Programa de Workshops de Fotografia Fredric Roberts foi fundado em 2011 pelo ex-executivo de Wall Street e ex director do NASD (que posteriormente adquiriu e operou o NASDAQ), que abandonou uma carreira distinta de trinta anos no mundo da banca de investimento para se dedicar à fotografia, associando-a à educação para jovens.

O trabalho de Fredric Roberts já foi implementado em países como a Índia, Butão, Tajiquistão, Quirguistão ou Nicarágua e tem sido apresentado em diversas exposições em museus e universidades, por exemplo, na Assembleia Geral das Nações Unidas, no Museu de Arte Rubin, no Museu de Arte Fotográfica e no Museu de História e Arte da Cidade de Ontário, integrando ainda a colecção do Los Angeles County Museum of Art.

Para além de vários workshops realizados em parceria com a Save the Children, Fredric Roberts já realizou, com o apoio da Fundação Aga Khan, trabalhos no Tajiquistão (Outubro de 2014), Quirguistão (Junho de 2015), e agora em Portugal.

 

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