A propósito do dia dos namorados. Reflectindo…

Há dias, a propósito do “Dia dos Namorados”, que, segundo os novos cânones, teve lugar no pretérito dia 14 de Fevereiro, ouvimos, nas pantalhas da televisão, uma jovem fazer a apologia do “amor livre”, adiantando que “nos tempos dos nossos avós é que um homem e uma mulher, se uniam, pelo casamento, para toda a vida…”

 

Esta expressão, deixou-me a pensar. Será que esta manifestação verbal, é mesmo o que ela pensa? Será que a sociedade contemporânea também pensa deste modo?

De facto, já vimos tanta coisa, tanta mudança, tantos valores a dissiparem-se, tantos conceitos a desfazerem-se, que já nada nos espanta.

Quando me consorciei, já lá vão 56 anos, jurei, perante Deus, amor e fidelidade à minha consorte, até à morte, tanto na saúde, como na doença, tanto na alegria, como na tristeza. Será que já não é assim?

No meu entender de católico, o matrimónio, faz de um homem e duma mulher, um único casal, casal este unido por laços matrimoniais, de maneira indissolúvel, até à morte. Nada, nem ninguém os pode separar. É uma união sagrada, que tem a bênção de Deus, através do mútuo compromisso da amorosa entrega, de um ao outro, o que é reforçado através do aparecimento dos rebentos biológico, dos filhos, da oração comunitária, da Eucaristia, do diálogo, do comum entendimento e, quantas vezes, através das aquiescências, do perdão e da compreensão recíproca.

Tudo isto encontra-se simbolizado, na aliança que cada um dos membros do casal, traz no dedo anelar e que mais não é do que o símbolo vivo da união sem limites e sem reservas, de um casal que deseja viver a dois, através do grande amor que dedicam um ao outro.

Quem se debruçar sobre as sagradas Escrituras, lá encontra que o amor de Cristo, foi sempre difundido e vivido, como um amor nupcial, em que Deus é o esposo e a Igreja a esposa. É por isso mesmo que cada família, nascida através do sacramento do Matrimónio, é chamada IGREJA DOMÉSTICA. De facto, Igreja, somos todos nós, em nossas casas, no seio do lar, vivendo em jeito da Trindade, em que o amor faz com que três pessoas, sejam como um só Deus. Reparem que nos casais, onde abunda o amor familiar, entre os seus membros, há mais amizade, mais unidade.

É verdade que isto hoje, em dia, está a diluir-se, pelo que se torna muito difícil  de entender, como muitos jovens têm tanta dificuldade de compreender que o matrimónio faz dum homem e duma mulher, um único ser, um casal, na verdadeira acepção da palavra.

Hoje, o rapaz e a rapariga, começam a ter medo de assumir compromissos, tal a desorientação que grassa por esse mundo além. Os constantes ataques que se fazem à instituição familiar, a desvalorização do matrimónio, as enormes dificuldades económicas por que estão a passar a grande maioria das famílias, muitos elementos delas engrossando o medonho pélago do desemprego, a carência de recursos financeiros, as enormes solicitações que conduzem ao adultério e a promiscuidade laboral, são elementos que conduzem, muitas vezes, à divisão das famílias, à separação dos seus membros e por fim, ao divórcio.

Muito raramente isto sucede nas famílias unidas, crentes, onde se reza, frequentemente, em ambiente familiar. A intransigência, a incompreensão e a ausência de perdão, colocam amiudadamente, muitos casais, em querelas contínuas, em constantes litígios familiares, em perniciosos dissídios, em perigosas quezílias, que invariavelmente, levam ao divórcio, com todas as nefastas consequências daí resultantes.

Quando as desavenças são frequentes, os insultos, de parte a parte, são quotidianos, quando faltam ao respeito, um ao outro e o afastamento conjugal é um facto, o casal começa a periclitar, acabando, infelizmente, por desaguar no divórcio, irremediavelmente.

Agora veio a moda dos casamentos de homossexuais. Como será possível, conceber uma tal atrocidade?

Se observarmos o Art.º 1577 do Código Civil Português, lá encontraremos que “O casamento é um contrato celebrado entre duas pessoas, de sexo diferente, que pretendem construir família”. Por sua vez, o Código do Direito Canónico, assevera no cânone nº 1055 que o casamento é “O facto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem, entre si, a comunhão íntima de toda a vida, ordenada por sua índole natural, ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole”.

Nas escrituras, efectivamente, também se fala em dois seres humanos que sentem atracção sexual, entre si, que nos Evangelhos dos tempos coevos, mais não são do que um homem e uma mulher, que se amam e nunca, por nunca ser, de dois homens ou de duas mulheres. Não me dirão, como poderão procriar dois homens ou duas mulheres? Se não podem gerar filhos, nunca poderá haver matrimónio, nem casamento. E isto porque o casamento não é a mesma coisa que acasalamento. Poderá haver uma união de facto, um convívio íntimo, mas nunca se poderá considerar como sendo a maravilhosa realidade que é a união de duas pessoas, de sexos diferentes, unidas pelos laços imorredouros do matrimónio, prescrito por Deus e deixado como sacramento, que foi selado por Jesus Cristo, nas célebres e históricas Bodas de Canná, na baixa Galileia, junto de Nazaré.

Neste sentido e embora o Parlamento, tenha reconhecido a existência de casamentos homossexuais, nós cristãos, não nos devemos deixar enganar, nem sequer permitir que nos enganem com leis cerzidas “contra-naturam”. A simples união de dois homens ou de duas mulheres, nunca convergirá em casamento, nem nunca realizará a graça do amor matrimonial, mesmo que esses homens e essas mulheres, se amem acrisoladamente e desejem viver juntos e em união de facto. 

Artigo de Fabião Baptista, publicado em Jornal da Família, março de 2015

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