Sacerdote mestre em direito canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, participa da Semana de Valorização da Vida, entre os dias 8 e 9 de setembro, na Câmara dos Deputados
Brasília, 09 de Setembro de 2015 (ZENIT.org) – O que tem a ver ideologia de gênero com aborto, educação sexual com controle populacional? Estas questões foram respondidas pelo padre Paulo Ricardo Azevedo, mestre em direito canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma), na Câmara Federal.
O sacerdote da Arquidiocese de Cuiabá (MT) participa da Semana da Valorização da Vida, que traz à Câmara dois dias de formação sobre a cultura da morte no Brasil e no mundo. Neste primeiro dia, 8 de setembro, padre Paulo procurou mostrar os germes demográficos desta cultura, que evoluiu de uma ótica médica para sociológica.
As empresas dos magnatas John Rockfeller e Henry Ford estiveram no centro das explicações do padre. De acordo com ele, estas instituições estiveram empenhadas em lograr a paz mundial por meio do controle de nascimentos, sobretudo nas regiões mais pobres do planeta.
Este pensamento fazia jus ao medo proveniente dos conflitos deflagrados nas grandes guerras mundiais: quanto mais gente no mundo, mais guerras, pensavam. Para que estas guerras não viessem a ocorrer por causa do crescimento populacional foi estabelecida uma política de inclusão de métodos artificiais de planejamento familiar. Lançou-se mão de dispositivos intrauterinos (DIU), pílulas anticoncepcionais e o próprio aborto.
Em 1963, Kingsley Davis, sociólogo e fundador do Conselho Populacional junto a Rockefeller III, já tinha percebido que esta ação médica não renderia um bom resultado. Para ele, algo mais revolucionário deveria acontecer para que o controle da natalidade fosse almejado de forma eficaz.
“Kingsley era um grande gênio – para o mal. Ele viu que precisaria mudar a mentalidade das mulheres. Não adiantaria colocar DIUs em larga escala. Era necessário fazer com que as mulheres parassem de querer ter filhos. Essa é a solução”, explicou padre Paulo.
A partir de um empoderamento da mulher, Davis desenvolveu a ideia de que as instituições deveriam mudar conceitos básicos – incluída aí estava a família. “Este método é estreitamente ligado à modificação da complementariedade dos papéis do homem e da mulher – algo que é natural. Querem artificialmente mudar a complementariedade”, prosseguiu o sacerdote.
De acordo com Paulo Ricardo, é neste momento que começa a ganhar força o conceito de ideologia de gênero, que renega o fator biológico de homem e mulher afirmando que masculino e feminino são construções sociais – em que é desnecessária a complementariedade.
Objetivos atuais
Na década de 80 estas grandes multinacionais traçaram objetivos para que esta mudança de mentalidade fosse alcançada. Nesta política está a educação sexual precoce, um assunto em voga no Brasil, em vista das inúmeras tentativas de inclusão da ideologia de gênero nos planos estaduais de educação no país.
A mudança de mentalidade da sociedade também é um dos objetivos. Conceitos éticos e morais foram relativizados, assim como o uso de dados estatísticos falsos para o convencimento em massa.
Ainda segundo padre Paulo, nos últimos anos os objetivos ganharam um apoio curioso: os marxistas. Ironicamente financiados por grandes empresas internacionais, eles estão na linha de frente da militância para a construção de uma nova engenharia social, por meio de uma liga das nações que pretende agir sobre a soberania dos países.
Em meio a este cenário sombrio, o sacerdote aponta para uma esperança. “Existe algo chamado verdade que está inscrito no mundo real. Nada muda a verdade de que quando um homem e uma mulher se unem, nascem serem humanos”.
Em referência ao lema do governo federal, o sacerdote sugeriu: “Temos que mudar o lema de pátria educadora para família educadora. Precisamos emancipar as famílias para que elas dobrem a escola à obediência dos valores da família. Como uma família educadora poderemos exorcizar esta ditadura que pode dominar o mundo”.
Para entender a problemática do desenvolvimento das políticas de direitos sexuais e reprodutivos, acesse aqui.