Para o ISIS somos uma heresia, diz sacerdote sequestrado pelo Estado Islâmico

Damasco, 24 Nov. 16 / 06:00 pm (ACI).- “Para o autoproclamado Estado islâmico (ISIS), as tumbas, as relíquias e os santos são uma heresia”, disse ao Grupo ACI o Pe. Jacques Mourad, sacerdote sírio sequestrado durante cinco meses pelo Estado Islâmico, até conseguir fugir.

 

O Pe. Mourad, que foi capturado pelo ISIS em 21 de maio de 2016 e escapou em outubro, era Prior do Mosteiro de Santo Elias, na cidade síria de Qaryatayn, localizada a 60 quilômetros ao sudoeste de Homs.

Embora o templo tenha sido destruído pelos terroristas, as relíquias de Santo Elias foram encontradas entre os destroços. Segundo o Pe. Mourad, isto foi para os cristãos na Síria “um grande sinal de esperança para o futuro”.

“Santo Elias foi um eremita que viveu no século IV, cujas relíquias permaneceram no monastério dedicado a ele. Depois que o templo foi destruído, acreditávamos que as suas relíquias estavam perdidas, mas conseguimos encontrá-las. Isto foi um grande consolo para nós”, afirmou o sacerdote.

Além disso, assegurou que, “quando as tropas do ISIS tomaram a região, atacaram primeiramente a tumba do santo”, porque eles “não podem aceitar que nas cidades tomadas haja lugares onde estejam guardadas relíquias de santos e tumbas” por considerá-las uma heresia.

O sacerdote insistiu que com o seu sequestro quiseram “enviar uma mensagem aos cristãos da região. E a mensagem era ‘não são bem-vindos aqui’. Era uma maneira de impulsionar os cristãos a fugir”.

“Nada mudou em Santo Elias e tudo está abandonado. Apenas há uma pequena comunidade de muçulmanos que ainda vivem na região, talvez porque eles não tenham outro lugar. Entretanto, lugares da cidade foram destruídos”, acrescentou.

O sacerdote sírio expressou que “os cristãos na Síria estão ansiosos para colocar os ossos de Santo Elias no lugar onde estava e rezar novamente ante as relíquias”.

“Em Santo Elias recebemos todos – Santo Elias era realmente um sinal de esperança para o povo sírio. Tudo mudou quando fui preso. Mas ainda podemos construir algo. Entretanto, devemos esperar o final desta guerra”, concluiu o presbítero.

 

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