O celibato é uma “joia brilhante” para a Igreja, afirma sacerdote especialista

WASHINGTON DC, 01 Fev. 17 / 11:30 am (ACI).- O celibato é uma “joia brilhante” no ministério sacerdotal, disse o Pe. Gary Selin, autor do livro “Priestly Celibacy: Theological Fondations”, fruto de uma investigação em fontes bíblicas, patrísticas e do magistério que o ajudaram a descobrir que a “razão principal do celibato é que aperfeiçoa a configuração do sacerdote com Jesus Cristo, cabeça da Igreja”.

 

Em declarações ao National Catholic Register, o Pe. Selin assinalou que muitos defendem o celibato com argumentos práticos. “Um dos argumentos mais comuns é ‘como uma paróquia poderia pagar as despesas de um sacerdote casado e da sua família?’, ou ‘se a esposa tiver um trabalho e a família tiver que se mudar?’”.

Argumenta-se, inclusive, que o celibato “permite que o sacerdote se entregue plenamente à sua paróquia”. Mesmo que isso seja verdade, “não é suficiente”, disse o Pe. Selin.

O celibato, indicou, permite que o sacerdote “seja um pai com um amor indiviso, assim como pastor, servo e esposo para a Igreja”.

“Um sacerdote celibatário é um sinal que nos recorda que esta vida não é a única que temos. Fomos criados para estar com o Deus Trino para sempre no céu, onde seremos como Deus, porque o veremos tal como Ele é”, afirmou o sacerdote, que viveu em uma congregação religiosa depois de participar de duas peregrinações a Fátima; mas depois de seis anos, decidiu não renovar seus votos.

Entretanto, o então Arcebispo de Denver (Estados Unidos), Dom Charles Chaput, o convidou a entrar no seminário. Gary Selin foi ordenado sacerdote em 2003.

O Pe. Selin recordou que no seminário surgiu esta preocupação de aprofundar no dom do celibato, especialmente depois de ouvir uma palestra do Cardeal Francis Stafford.

“O Cardeal nos deixou maravilhados. Argumentou que o celibato sacerdotal era mais do que uma disciplina, uma mera lei que pode ser mudada facilmente. Ele ensinou que é algo integral do sacerdócio e está intrinsecamente relacionado à Eucaristia. Cristo instituiu o sacerdócio para que tenhamos a Eucaristia, e a Eucaristia é central para o ministério sacerdotal. A Eucaristia, fonte e ápice do ministério e da vida sacerdotal, e fonte de caridade pastoral, permite que o sacerdote ame Cristo e ame sua Igreja com um amor intenso e indivisível”, indicou.

O sacerdote recordou que, logo depois da sua ordenação, aprofundou acerca do celibato sacerdotal na Catholic University. “Enquanto escrevia a minha dissertação pensei: ‘não posso acreditar, como é rico este tesouro’”, expressou.

Durante a entrevista, o Pe. Selin disse que, embora seja provável que a maioria dos apóstolos tenham estado casados, “a documentação dos primeiros séculos da Igreja nos diz que os candidatos para ordens sagradas que estavam casados deveriam permanecer em continência depois da ordenação, vivendo perpetuamente como irmão ou irmã” da sua esposa. “Os Padres da Igreja também deram razões teológicas a fim de apoiar esta disciplina de continência perpétua dos clérigos”.

Explicou que, “ao longo dos séculos, o Espírito Santo foi estabelecendo a disciplina do celibato na Igreja, até que finalmente somente os homens que não estavam casados podiam ser ordenados”, isto se tornou “tradição na Igreja latina”.

No caso da Igreja do Oriente, assinalou, “também tiveram uma compreensão mais profunda do celibato sacerdotal, mas também permitiram aos sacerdotes casados continuarem tendo relações conjugais com suas esposas, abstendo-se somente antes da liturgia divina”.

“É importante assinalar que o Magistério nos últimos 100 anos afirma constantemente a legitimidade da disciplina oriental e elogiou o testemunho de santidade dos padres casados em várias igrejas orientais”, precisou.

“Entretanto, Paulo VI, remetendo-se aos séculos de ensinamento do magistério, sublinhou em Sacerdotalis Caelibatus que ‘o celibato sacerdotal foi guardado pela Igreja durante séculos como uma joia brilhante’ devido à sua excelência extraordinária”, destacou o especialista.

Formação dos seminaristas

Durante a entrevista, o Pe. Selin recordou que o celibato não é um fardo, mas um dom de Deus e está “protegido como um tesouro na Igreja latina pela lei canônica”.

Nesse sentido, disse que os seminários devem avaliar se o candidato tem condições para viver o celibato. “Caso aconteça, é uma afirmação da sua vocação sacerdotal”, assinalou.

“A Igreja pede aos formadores do seminário para avaliar se um seminarista tem as qualidades humanas e espirituais que o tornaria um bom candidato para o sacerdócio. Entre as qualidades que buscamos, está a virtude da castidade e o dom do celibato, assim como a capacidade de se relacionar com mulheres de uma maneira saudável. O seminarista deve ter maturidade afetiva e emocional. A sua castidade deve ser forte como ferro, mas muito humana”, explicou.

Nesse sentido, disse que o fundamental para resistir às tentações é uma “profunda vida de oração com Deus Trino”. “A graça para viver o celibato casto é recebida principalmente através da Santa Missa”, com a Eucaristia e a confissão frequente, evitando ocasiões de pecado e tudo o que pode contaminar a alma.

“Deve ter amizades sólidas com outros sacerdotes e com fiéis leigos, especialmente com as famílias”, disse o Pe. Selin e, “por último, um amor filial profundo pela Virgem Maria”.

Finalmente, assegurou que um sacerdote celibatário pode ajudar os casais a serem fiéis à sua vocação, porque lhes recorda que compartilham um sacramento através do qual ambos “podem crescer em santidade”.

Além disso, os cônjuges podem recordar ao sacerdote celibatário que é chamado a viver uma vida de sacrifício e não uma vida confortável de solteiro. “Os casais me inspiram muito através do seu amor de sacrifício pelo outro, imitando o amor de Cristo pela sua Igreja”, concluiu.

 

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