“Eu, homossexual, estava na praça para dizer que há apenas uma família”

Giorgio Ponte, escritor homossexual presente no ‘Family Day’, afirma que é mais discriminado por ser católico do que por ser homossexual

 

1 fevereiro 2016 – Uma Praça cheia “a favor e não contra”, como provado pela multidão de rostos alegres, muitas crianças, que lotou o Circus Maximus em Roma, sábado de manhã. Prova disso é o eco da voz de George Bridge, 30 anos de idade, romancista, que não esconde suas tendências homossexuais.

A presença dele foi um grande destaque no “Family Day”, sentado no palco com outros convidados atrás do apresentador. Entrevistado por ZENIT, Ponte comentou os motivos que o levaram a partir de Milão, onde vive há anos, embora nativo de Palermo, para participar do evento no Circus Maximus.

“Estou aqui em nome de todas as pessoas com tendências homossexuais que não se encontram nos movimentos LGBTs e, acima de tudo, que não compartilham o projeto de lei Cirinnà”, afirmou ele. Há muitos homossexuais que pensam assim. Muitos estavam com ele no “Family Day”, como o francês Jean-Pier Delaume-Myard, ex porta-voz do Homovox, voz de oposição ao casamento gay e a adoção por gays, e Clément Borioli, um dos organizadores do Manif Pour Tous.

“O que nós não acreditamos é na ideia de que seja indiferente ser criado por um casal homossexual ou por uma mãe e um pai”, disse ele, destacando que este pensamento, uma herança ancestral comum a todas as culturas, que hoje alguns tentam difundir, não é uma arma para ser usada contra os inimigos.

“A presença de homossexuais, somos muitos – reitera – pretende demonstrar que não somos contra qualquer pessoa que decide compartilhar sua vida com alguém do mesmo sexo”. Por que – acrescenta – “ninguém pode se dar ao luxo de interferir nas escolhas pessoais e nos relacionamentos dos outros”. No entanto, existe uma verdade antropológica que deve ser dita.

Uma verdade que tentam ‘atropelar’ aqueles que – disse Ponte – “com boa intenção, foram acostumados a pensar que o desejo corresponde ao direito”. Há uma importante mensagem que este jovem romancista deseja anunciar: “Nossa paternidade ou maternidade pode ser experimentada de outra maneira. Embora seja algo que nós almejamos, temos de aceitar que nem tudo o que queremos pode ser permitido”.

Coerentemente com o Evangelho, Giorgio Ponte, explica como homossexuais podem viver a maternidade e a paternidade de maneira alternativa, ou seja, “dando a vida às pessoas que estão ao lado”. Pessoas, ao lado dele, há muitas. Muitas pessoas se aproximam dele, com uma emoção que emerge dos olhos, para apertar a mão dele e agradecê-lo por seu testemunho.

O ambiente estava bem descontraído dentro do antigo anfiteatro romano. “Se respirasse um clima de homofobia, eu não estaria aqui”, comenta Ponte, acrescentando: “Eu sempre disse que me sinto mais discriminados como católico do que como homossexual.”

Alguns homossexuais, talvez, o enxergam como um traidor da causa LGBT e por isso o atacam. “Desde que eu me expus – disse Ponte – muitas pessoas não poupam comentários negativos sobre mim: alguns escrevem com tristeza, como se tivessem sido ofendidos pelo fato de que eu sou um católico e, ao mesmo tempo, tenho tendências homossexuais”.

A Internet é, muitas vezes, um receptáculo de insultos covardes. O escritor confessou que recebe “e-mails com linguagem muito forte, às vezes, cheios de vulgaridades”. Mas não para por aqui. Ele também recebe declarações de solidariedade e de partilha. Para com aqueles que o ofendem, Giorgio prova sentimentos de misericórdia. “As pessoas que ofendem costumam esconder alguma dor – explica ele -.  O sofrimento deve ser ouvido, na verdade, para que mesmo aqueles que estão do outro lado, um dia, compartilhem o que defendemos”.

 

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