Dom Bregantini:. “As uniões civis tornam a família desinteressante”

Arcebispo italiano de Campobasso-Bojano identifica uma ligação entre o declínio da população, causado pela falta de confiança no futuro, e a revolução antropológica em andamento

 

1 março 2016 – Mais uma vez, dom Bregantini se mostra um dos bispos mais sensíveis ao debate sobre a revolução antropológica em andamento no Ocidente. O problema básico, de acordo com o arcebispo italiano de Campobasso-Bojano, é “o inverno demográfico” e seu “fator velhice”.

Se poucos têm filhos é porque “a família não é muito atrativa”, lamenta o prelado, acrescentando que o “fenômeno é complexo” e “tem impacto negativo sobre o futuro”.

Tentando resumir as causas da baixa taxa de natalidade na Itália, dom Bregantini dá prioridade à “crise de valores”, que, juntamente com a “econômico e do trabalho”, minou “a pessoa por dentro, em todos estes anos de trabalho árduo e de luta; minou a sua segurança, as suas aspirações”.

Reina hoje uma “sensação de medo” que “afeta cada olhar para o futuro”; assim, “antes de ter um filho, de colocá-lo no mundo, o casal é forçado a avaliar de muito perto os riscos e, pior ainda, as possíveis ‘vantagens’, como se se tratasse de ‘produzi-los’ em vez de concebê-los”.

Este comportamento social, de acordo com o arcebispo de Campobasso, é “o fruto amargo do capitalismo desenfreado, o que deixou até mesmo as relações afetivas precárias e consumistas”, como resultado da “falta de confiança na vida, nas instituições, no futuro. O olhar se tornou cada vez mais curto!”, ressalta Bregantini.

Uma série de fatores sócio-culturais e econômicas, assim, produzem uma espécie de “teia de aranha diante dos nossos olhos”. Prova disso é a recente aprovação, na Itália, da lei sobre as uniões civis, que “é muito ambígua” e poderia ter sido feita de modo “muito, muito melhor”, com “mais sabedoria e serenidade”, sendo “bem examinada em comissão”.

Ter colocado a confiança em uma lei que era “de consciência” e que “exigia uma rigorosa avaliação pessoal, antes de política”, é algo que gera o risco de se transformar em uma “grande confusão educacional no coração dos nossos jovens”.

“Se um jovem que participa da cerimônia de união civil de dois coetâneos, dois homens, ouve repetirem-se ali as mesmas fórmulas que se ouvem na igreja entre um noivo e uma noiva, ele vai se perguntar qual é o sentido de ter uma família, com todas as suas dificuldades atuais e dificuldades futuras. Ou seja, não estamos tornando a família mais atrativa. Ela não é mais mostrada como bela”.

Voltando ao “fator velhice”, o arcebispo denuncia que a crise demográfica está afetando dramaticamente grandes setores da sua diocese e de toda a região italiana de Molise, ameaçando a sensação de segurança da pessoa, que, cada vez mais, sente a precariedade da própria existência.

Monsenhor Bregantini abordou ainda o valor da maternidade, verdadeiro baluarte contra as crises do nosso tempo. “A questão da vida – disse – é como a música, dormente entre os muitos ruídos do mundo indiferente, mas esperando para germinar assim que lhe prestarmos a nossa escuta mais íntima”.

O arcebispo de Campobasso pediu “a proclamação do aluguel de útero como crime universal”, além de “uma legislação inovadora e séria sobre a complexa questão das adoções”.

A fim de se criarem as condições para um renascimento da família, “a de verdade, a que tem filhos”, há necessidade, concluiu ele, de um “pacote real e concreto de ajuda específica”, porque “a única maneira de o nosso país voltar a sorrir; a se alegrar, sob a lua, com uma gota de orvalho sobre uma flor”.

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