“Baby boom”: esperança para a África

Wall Street Journal revela que em 2050, de acordo com projeções da ONU, 25% da população mundial será africana

 

Roma, 03 de Dezembro de 2015 (ZENIT.org) Federico Cenci – Violência, fome, guerra, exploração, corrupção. Em meio a este emaranhado de problemas graves, parece abrir-se para a África um novo futuro. Apesar das dificuldades, os povos do continente Africano mantêm uma fertilidade que significa esperança.

A notícia é do Wall Street Journal, continuando sua investigação sobre os “destinos demográficos” do mundo por parte das Nações Unidas, tendo em vista 2050. “O maior crescimento populacional na história moderna está acontecendo na África”, lê-se em artigo de Drew Hinshaw. “Em qualquer outro continente, as taxas de crescimento estão diminuindo, rumo a uma paralisação, pela primeira vez em séculos”.

Um impasse que contrasta com as projeções das Nações Unidas sobre a África para o ano de 2050. Haverá, no continente Africano, 2,5 bilhões de pessoas, que significa o dobro da população atual e 25% da população mundial. “Haverá 399 milhões de nigerianos, mais do que o número de habitantes dos Estados Unidos”, destaca Hinshaw. Quatro em cada dez pessoas no mundo serão africanas.

De acordo com o jornal, a África está prestes a se tornar um gigante. Mas um “gigante emergente” ou um “gigante de emergência?”. O aumento da população desperta também dúvidas sobre a capacidade, para um continente tão problemático, de enfrentar as necessidades desse crescimento.

É incontestável que a humanidade como um todo está envelhecendo. Em 2050, quase um quarto da população da terra terão passado dos 60 anos de idade, em comparação a um oitavo atualmente. Uma grande parte da economia global deverá ser destinada aos doentes e pensionistas.

Tendência que não envolve a África, onde a idade média é de 28 anos. Em 2050 1,3 milhões de pessoas serão jovens, mas maduro o suficiente para “iniciar um negócio, educar, construir carreiras e tocar a vida na fazendas e fábricas.”

Drew Hinshaw usa “poucas palavras” para descrever o que vai acontecer. O ‘baby boom’ – escreve – vai levantar o continente mais pobre da terra até o Olimpo de maior negócio global”. De acordo com o repórter do Wall Street Journal, a África em breve se tornará o símbolo de um renascimento, composto por “licenciados, jovens trabalhadores e consumidores”.

Determinados objetivos dependem, no entanto, de uma condição sine qua non. É necessário que, ao longo da exuberância reprodutiva, os governos africanos ajam. O artigo explica que “o continente está perdendo uma das grandes corridas do século”, já que “a população da África cresce mais do que as ações dos governos para construir as bases de uma economia moderna: usinas de energia, estradas e escolas”.

Ele dá o exemplo da Nigéria, um dos países mais afetados pelo “baby boom”, onde a eletricidade continua a ser um sonho para muitas aldeias, as escolas públicas, muitas vezes, improvisadas com telhados de lata, parecem oscilar precariamente entre a falta de livros e professores.

O maior jornal do mundo dos negócios e das finanças aponta que “os bancos concedem mal os empréstimos”. A Nigéria “tem apenas 20.000 hipotecas disponíveis para um país de 182 milhões de habitantes”.

A investigação centra-se em Lokoja, cidade no centro-sul da Nigéria em que vivem hoje pouco mais de 100 mil pessoas, mas de acordo com a ONU é “uma das cidades africanas que irão exceder um milhão de habitantes nos próximos 15 anos”. E pensar que há um século atrás, a única grande metrópole abaixo do Mediterrâneo era o Cairo.

Os economistas nomearam a relação entre a população em idade produtiva e a população dependente, ou seja, os idosos e as crianças, de “dividendo demográfico”. É uma tendência, a curto prazo, extremamente favorável. Tal como refletido na América Latina e na Ásia, esse fenômeno “tira da pobreza”. Agora – acrescenta Hinshaw – “o próximo candidato para esse milagre é a África”. Milagre que grandes organizações multinacionais, em décadas passadas, tentaram neutralizar.

O artigo do WSJ também aborda a questão do planejamento familiar, comentando sobre o fracasso por causa da “mentalidade conservadora” dos africanos.

O autor da investigação teve acesso ao arquivo sobre as mulheres que se submeteram às clínicas de esterilização dirigidas por estas organizações no Estado de Kano, no norte da Nigéria. Bem, em um lugar onde a população está se aproximando de 10 milhões de habitantes, o número de mulheres “esterilizadas” não preenche sequer uma única pasta.

O que está acontecendo na África é, portanto, um desafio poderoso. Assim como até agora os africanos se opuseram às políticas de planejamento familiar, permitindo-lhes abrir um buraco para o futuro, hoje é importante que eles saibam capitalizar o tesouro demográfica que construíram. 

 

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