Argentina: bispos convidam a recriar uma cultura do trabalho

Mensagem da Comissão Justiça e Paz no dia do trabalhador: trabalho verdadeiro para superar subsídios paliativos

Roma, 04 de Maio de 2015 (ZENIT.org)

A Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal Argentina divulgou uma mensagem no dia 1º de maio, Dia do Trabalho, em defesa das pessoas exploradas em trabalhos indignos, mal remunerados ou informais, dos jovens marginalizados do trabalho e das pessoas que, não tendo trabalho, são forçadas a se contentar com subsídios paliativos.

Os trabalhadores, pediram os bispos, devem honrar a tarefa confiada a eles, usando seus dons para “fazer as coisas bem feitas”, com fidelidade e responsabilidade, respeitando os subalternos. Aos sindicalistas, pediram proteger os genuínos interesses dos trabalhadores, renunciando a interesses pessoais. Aos empresários, que desenvolvam a vocação empreendedora gerando postos de trabalho com salários justos e pleno respeito às leis trabalhistas. Aos governantes, que apoiem o trabalho dos empresários, criando emprego e condições “para superar a prolongada etapa dos subsídios paliativos, possibilitando o acesso a fontes de trabalho autênticas que dignifiquem plenamente as pessoas”.

Reproduzimos a seguir o comunicado da conferência episcopal:

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Convocados a recriar uma cultura do trabalho

Por ocasião do Dia do Trabalho, queremos celebrá-lo junto com todos os nossos irmãos agradecendo por tantos exemplos que conhecemos de quem trabalha para sustentar e contribuir com o desenvolvimento da sua família e da nossa pátria, pedindo ao Senhor uma bênção especial para todos os trabalhadores e para as suas famílias.

Queremos também ecoar a voz de quem é explorado em trabalhos indignos e mal remunerados, na informalidade, carentes dos direitos que a lei lhes garante, e de quem não tem trabalho, em particular dos muitíssimos jovens que estamos marginalizando porque, por diversas razões, a nossa sociedade os faz competir muito desvantajosamente para ter acesso ao mercado de trabalho, com um saldo de desempregados que triplica os números do também lamentável desemprego e subemprego adulto.

O trabalho decente é fundamental para a dignidade e desenvolvimento integral das pessoas. Por isso, destacamos, junto com os nossos bispos, que a geração de fontes de trabalho deve ser um dos objetivos compartilhados por todas as forças políticas no atual debate eleitoral, e encorajamos a fazer desta uma das desejadas políticas de Estado.

Nesta linha, com humildade, mas com a convicção da importância do trabalho para a nossa sociedade, propomos:

Aos trabalhadores, qualquer que seja o seu papel e hierarquia: honremos a tarefa confiada a nós, usando os nossos dons para “fazer as coisas bem feitas”, com fidelidade e responsabilidade, respeitando subalternos, companheiros e chefes, promovendo o diálogo, a harmonia e a solidariedade no ambiente de trabalho, respeitando e fazendo respeitar os nossos direitos e os dos outros, conscientes de que o bem comum se constrói também a partir de cada um e a cada dia;

Aos dirigentes sindicais: representar fielmente os genuínos interesses dos trabalhadores, deixando de lado os interesses e questões pessoais em prol do bem comum do movimento operário, utilizando o poder da negociação coletiva para a defesa da remuneração justa e das condições e segurança no trabalho, contribuindo para cuidar das fontes de trabalho com visão de longo prazo e desenvolvendo negociações honestas e sempre no marco da lei;

Aos empresários: desenvolver com energia e criatividade a sua vocação empreendedora, gerando postos de trabalho com salários justos e pleno respeito das leis trabalhistas, antepondo o bem das pessoas ao lucro e compreendendo o sentido solidário da sua atividade, como uma missão de oferecer os dons recebidos para o bem dos outros;

Aos governantes, legisladores e líderes políticos: priorizar as ações voltadas a gerar emprego genuíno, produtivo e de qualidade, incentivando os empreendedores a criar, investir e assumir riscos, promovendo a competitividade das empresas, facilitando o seu crescimento e desenvolvimento e velando pela abolição do trabalho escravo e informal. Em particular, dar prioridade ao emprego dos jovens e criar as condições para superar a prolongada etapa dos subsídios paliativos, possibilitando o acesso a fontes de trabalho autênticas que dignifiquem plenamente as pessoas.

Aos jovens: capacitar-se e preparar-se para assumir uma tarefa criativa e valiosa para a comunidade, assumindo o trabalho como verdadeira vocação e evitando a tentação de esperar que tudo lhes seja dado;

Aos educadores: que, com sua palavra e testemunho, contribuam para recriar a cultura do trabalho, preparando crianças e jovens para assumir responsabilidades e oferecer os seus dons às comunidades a que pertencem.

Que esta nova comemoração do Dia do Trabalho nos incentive a responder à tarefa que nos compete para celebrar o próximo aniversário com mais trabalho de qualidade, com menos desemprego e subemprego, com melhores salários e condições de trabalho mais adequadas, sem trabalho escravo, com mais oportunidades para os jovens e, em consequência, com uma sociedade mais justa.

Colocamos estas intenções aos pés de São Caetano, permanente depositário da fé do nosso povo trabalhador, e de São José Operário, em sua festa.

Comissão Nacional de Justiça e Paz (Argentina)

 

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