Aprendi a ser sacerdote na Síria, afirma missionário sul-americano

MADRI, 16 Mai. 16 / 08:00 pm (ACI).- O Pe. Rodrigo Miranda é um sacerdote chileno, membro do Instituto do Verbo Encarnado (IVE) que viveu em Aleppo (Síria) desde março de 2011 até o final de 2014, quando se viu obrigado a abandonar o país.

 

Em uma entrevista concedida ao jornal espanhol ‘ABC’, o Pe. Miranda afirmou que o testemunho dos cristãos perseguidos na Síria “é um antídoto ao mundo medíocre e decadente de nossas sociedades. Fazem-nos despertar para as coisas essenciais e importantes da vida. Convidam-nos a nos perguntar no que estamos perdendo a vida ou o que estamos fazendo para ganhá-la”.

“No Ocidente tem que fazer toda uma pastoral hollywoodiana para atrair os jovens à paróquia. Em Aleppo muitas vezes sentavam-se para falar do que aconteceria se entrassem em seus bairros para assassiná-los. Perguntavam-me: ‘Padre, é certo que alguém teria que dar a vida por Cristo?’. Esses eram seus temas de conversas. Eu aprendi a ser sacerdote na Síria”, afirma.

Além disso, assinala ao ‘ABC’ que “a Igreja Católica em seus diferentes ritos é a quem tem sustentado a ajuda. Não só material, mas também na hora de oferecer esperança, sobretudo, porque os cristãos do Iraque e da Síria se sentem abandonados. Obviamente, eles não esperam muito da comunidade internacional, mas tampouco da Igreja Ocidental”.

Nesse contexto, o Pe. Rodrigo Miranda aponta que a população cristã na Síria passou dos 10% que representava para tão somente 2%, porque ‘são o alvo’ não só do chamado Estado Islâmico, mas também da oposição. “A Igreja em Aleppo segue sendo muito fervorosa, muito devota, com muita atividade. Nós, os de rito latino, somos a minoria dentro da minoria”, assegura o jovem sacerdote.

Entretanto, recorda ao jornal ‘ABC’ que, antes da guerra, “os fins de semana tinham na missa entre 250 e 300 pessoas, agora devemos ter 15. Mais gente recorre às igrejas do centro da cidade, porque estão mais protegidas. Sendo uma minoria, todos nos conhecemos. Conhecemos por nome e sobrenome as pessoas que foram assassinadas”.

“Em todos os anos que estive na Síria, não escutei nenhuma pessoa se queixar contra Deus. Pelo contrário, agradecem a Deus por cada dia. Quando contam as histórias mais chocantes, sempre terminam dizendo: ‘Mas graças a Deus estamos vivos, podemos vir à Igreja’. Os cristãos do Oriente Médio têm um temperamento diferente. Cada vez que há um bombardeio, enche-se a Igreja. Não vejo rostos tristes, embora isso não signifique que não sofram”, explica o Pe. Rodrigo Miranda.

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