A ONU reitera que os assentamentos israelenses são ilegais e um obstáculo à paz

O primeiro-ministro Netanyahu acusa Ban Ki-moon de incentivar o terrorismo

 

28 janeiro 2016 – O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon disse nesta terça-feira que compreende por que os palestinos estão perdendo a esperança na paz, depois de 50 anos de ocupação e décadas sem cumprir os Acordos de Oslo.

Em uma reunião do Comitê para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino, Ban Ki-moon subscreveu a posição da ONU de que os assentamentos israelenses são ilegais, violam o direito internacional e ameaçam destruir a solução de dois Estados.

Também pediu ao governo israelense que cumpra com os acordos prévios, para melhorar a vida dos palestinos e fortalecer as instituições a fim de otimizar a estabilidade e a segurança de ambos povos.

O líder da ONU também sublinhou a necessidade de que os líderes palestinos se expressem contra o incitamento, melhorem a governabilidade e reconciliem Gaza e Cisjordânia sob uma autoridade legítima.

No entanto, garantiu que compreende que os palestinos que vivem essa realidade no local e escutaram o mesmo no passado, ignorem esse apelo.

“Os jovens, especialmente, é que estão perdendo a esperança na paz. Estão chateados com as sufocantes políticas de ocupação. Estão frustrados com as restrições nas suas vidas diárias. Observam como os assentamentos israelenses na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, continuam expandindo-se”, disse Ban Ki-moon.

E acrescentou que os jovens estão perdendo a fé em seus próprios líderes, para que se chegue a uma reconciliação nacional e possa fazer-se realidade o sonho de um Estado palestino soberano, independente e próximo de Israel.

Em seu discurso, o chefe da ONU disse que nada justifica os atos de terrorismo, nem os ataques às pessoas inocentes e reiterou a sua condenação categórica a esses fatos. Mas indicou que para acabar com a violência, as medidas de segurança não serão suficientes porque não abordarão a frustração subjacente e o fracasso para conseguir uma solução política.

Por sua parte, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acusou Ban Ki-moon de incentivar o terrorismo após essa conversa de frustração palestina perante a ocupação israelense. “Os comentários do Secretário-Geral da ONU incentivam o terrorismo”, disse Netanyahu em um comunicado.

“Não há justificativa para o terrorismo. Os assassinos palestinos não querem construir um Estado, querem destruir um Estado”, afirmou o primeiro-ministro israelense.

O Comitê para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino foi estabelecido em 1975 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a fim de recomendar um programa destinado a permitir o povo palestino de exercer os seus direitos inalienáveis, definidos pela Assembleia Geral como o direito à livre determinação, a independência e a soberania; e o direito dos palestinos a voltar aos seus lares e recuperar os seus bens.

Desde 1991, o Comitê tem apoiado sistematicamente o processo de paz. Ao mesmo tempo, expressou a sua profunda preocupação com os numerosos obstáculos e atrasos nas negociações, a anexação ilegal de Jerusalém Oriental, a contínua expansão dos assentamentos e a crescente rede de postos de controle e bloqueios nas estradas no Território Palestino Ocupado, a construção do muro de separação e a grave deterioração da situação econômica da Palestina devido aos prolongados encerramentos militares. Ademais, condenou repetidamente os atos de violência cometidos por extremistas. E ressaltou que a ocupação israelense continua a ser a causa fundamental do conflito israelense-palestino.

 

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