Sínodo da família, dia 6: começou a segunda etapa

Grupos menores aprofundarão a relatio post disceptationem

Por Rocio Lancho García

 

CIDADE DO VATICANO, 14 de Outubro de 2014 (Zenit.org) – O papa Francisco convocou oficialmente, para o período de 4 a 25 de outubro de 2015, a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Esse encontro será a etapa final do sínodo da família. Além disso, nesta segunda-feira, o relator geral do sínodo, cardeal Peter Erdö, apresentou a “Relatio Post Disceptationem”, documento que finaliza a primeira etapa. O documento recolhe as principais reflexões dos padres sinodais nos primeiros dias do encontro.

Depois da relatio, houve amplo tempo de discussão sem discursos preparados. Os padres pediam a palavra e podiam falar livremente. Como explicou o pe. Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, “foi uma discussão ampla e substancial”, durante quase duas horas, com tempo para 41 participações, dando-se início desta forma à nova etapa de reflexões.

Participaram da coletiva de imprensa desta segunda-feira alguns padres sinodais que abordaram detalhes do documento e falaram do andamento do sínodo. O cardeal Tagle, arcebispo de Manila, recordou que a relatio “tem que ser a base da próxima discussão” e não pode ser considerada “um documento definitivo”: ela nos diz “em que ponto estamos agora e nos indica os pontos em que temos que aprofundar no futuro”. Tagle agradeceu ao papa Francisco pelo seu discurso do primeiro dia, que garantiu um sínodo muito franco e aberto às opiniões de cada um.

Dom Bruno Forte, secretário especial do sínodo, afirmou que a relatio “tinha o dever de respeitar as duas grandes indicações do papa: falar com liberdade e escutar com humildade”. Este, observou, é o exercício da sinodalidade no sentido de “paciência de caminhar juntos tentando amadurecer”. 

Alguns padres sinodais, segundo dom Forte, comentaram estar vivendo o espírito do Concílio Vaticano II, com a atitude de escutar melhor o mundo. Forte também falou da lei da “gradualidade” e alertou para a necessidade de entender que há graus de compreensão e que a lógica vencedora “não é nunca a do tudo ou nada, mas a da paciência do devir, da atenção aos detalhes, das diversidades, da complexidade das situações. Quem não usa esta lógica corre o risco de julgar as pessoas e não as entender”. E este espírito de acompanhamento, afirmou o prelado, é percebido na relatio.

Por sua vez, o cardeal Ricardo Ezzati, arcebispo de Santiago do Chile, reconheceu que participa deste sínodo “não só com ouvidos abertos, mas de coração aberto”. O que lhe chamou a atenção, conta ele, é ver “a globalização não só das ideias, mas também dos problemas e das situações dentro da Igreja”.

Ezzati destaca que este sínodo é um reflexo de três coisas fundamentais. Em primeiro lugar, da escuta das realidades por parte dos padres sinodais. Em segundo lugar, da grande capacidade de misericórdia, de compreender as coisas belas e difíceis que as famílias vivem e, por conseguinte, de escutar uma Igreja que se torna presente com um coração misericordioso. E em terceiro lugar, de uma busca de caminhos para acompanhar e expressar essa proximidade em linhas pastorais adequadas às situações diversas que cada um vive. “Essas três dimensões estão muito presentes no documento, que não é definitivo. Continuamos dialogando e enriquecendo, mas o documento já tem as perspectivas mais belas”, assegura o purpurado.

Durante as perguntas dos jornalistas, dom Bruno Forte declarou que a ajuda dos leigos durante o sínodo tem sido importante, não só pelos testemunhos dos casais, mas também dos especialistas e convidados. “Eles são os primeiros peritos, os esposos. O que nós esperamos e desejamos é que, neste tempo, os leigos façam a sua voz ser ouvida nas igrejas locais”, observou. Naturalmente, são os bispos que devem se colocar à escuta e promover a participação dos leigos. Às vezes, “vejo que os nossos leigos são mais ‘clericais’ do que os próprios sacerdotes”. Por esta razão, ele exorta os leigos a “ser protagonistas” para “nos ajudar a entender melhor” e “encontrar soluções verdadeiras”.

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