Sínodo da família, dia 4: duas correntes debatem a questão da comunhão para os divorciados recasados

Todos concordam que o matrimônio é indissolúvel e que a doutrina não deve mudar, mas há propostas diversas para situações específicas

 

Cidade do Vaticano, 09 de Outubro de 2014 (Zenit.orgRedacao 

O sínodo sobre a família, convocado pelo papa Francisco, apresenta duas linhas de pensamento, explicou nesta quinta-feira o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, pe. Federico Lombardi: “Uma fala com muita decisão do evangelho do matrimônio e defende que não é possível a aceitação da comunhão para os divorciados que voltaram a se casar, por coerência com a doutrina da Igreja”.

A outra linha, “sem negar a indissolubilidade, quer considerar as diversas situações a partir da perspectiva da misericórdia, fazendo um discernimento sobre o modo de enfrentar as situações específicas”, disse Lombardi, observando que “este é o esquema fundamental no sínodo e isto não é uma novidade”.

“São duas correntes”, considerou o porta-voz vaticano para o idioma espanhol, pe. Manuel Dorantes. “Por um lado, a Igreja tem que ser fiel às palavras de Jesus sobre a indissolubilidade do matrimônio, com uma linguagem que possa ser entendida hoje. Ao mesmo tempo, existe a preocupação de não abandonar ninguém”.

O porta-voz Lombardi complementa que foi discutida ainda “a verificação e simplificação do processo que estuda a nulidade matrimonial”, com propostas bastante completas por parte de ofícios diocesanos, “sempre escutando as exigências da verdade e da justiça, pois não se deseja uma espécie de ‘divórcio católico’”.

Dorantes declarou que os padres sinodais pediram que os processos sejam mais baratos e, se possível, gratuitos. Eles observaram que muitos casais separados recorrem apenas ao divórcio civil por não conhecerem a possibilidade de se estudar a sentença de nulidade matrimonial.

Um bispo advertiu sobre os “casamentos turísticos”, realizados como “apenas mais um momento do tour”, sem qualquer acompanhamento pastoral. Ele pediu que a preocupação não fique só nos documentos necessários para a celebração do matrimônio.

O diretor da Sala de Imprensa vaticana destacou que o foco do sínodo é uma “pastoral da escuta”, que procura formas de se manifestar a bênção do Senhor inclusive quando não há comunhão sacramental: “O não acesso à comunhão não significa uma condenação de alguém”, mas um fato objetivo decorrente do significado do sacramento.

O sínodo abordou também o perigo de confusão nos países ortodoxos, já que os ritos orientais permitem casar-se novamente. Destacou-se em diversas ocasiões que, mesmo nesses ritos, só o primeiro casamento é válido: os outros casamentos não são o sacramento do matrimônio, mas uniões acolhidas, acompanhadas e abençoadas em nome da paz das pessoas.

“Sobre a homossexualidade não se falou muito. O que se disse foi na linha da pastoral da escuta, do acolhimento, respeitando-se o fato de que o matrimônio é entre um homem e uma mulher”, disse Lombardi.

Ainda neste dia, o casal brasileiro Arturo e Hermelinda Zamperlini apresentou o tema do planejamento familiar natural.

Lombardi recordou que nas assembleias e no debate não são feitas votações nem pesquisas de opinião, motivo pelo qual não se informam “dados superficiais” como “quantos falaram disso e quantos falaram daquilo”. Por isso, ele ressalta que “não me parece que se possa dizer que haja uma orientação prevalente”.

Finalmente, o porta-voz destacou que, graças ao clima de grande sinceridade proposto pelo papa, estão surgindo testemunhos acalorados, embora sem antagonismo e marcados por uma postura de “escuta humilde e sincera”.

(09 de Outubro de 2014) © Innovative Media Inc.

Scroll to Top