São Paulo, na Europa de hoje, seria um imigrante ilegal e deportado para casa

Falando no Congresso Nacional de Migração de Washington, o cardeal Maradiaga denuncia os dramas vivenciados por prófugos, refugiados e vítimas do tráfico de seres humanos

 

ROMA, 09 de Julho de 2014 (Zenit.org) – É viva a atenção da Igreja a nível mundial sobre a situação dos imigrantes. Na segunda-feira passada começou, em Washington, o Congresso nacional sobre a migração, promovido pela Conferência episcopal dos Estados Unidos (Uccbs), em conjunto com a Caritas local e a Rede Legal católica para a Imigração.

Quem abriu os trabalhos do Congresso – que acontece a cada cinco anos e que terminará amanhã – foi o cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa e presidente da Caritas Internationalis, que apontou que os imigrantes são um trunfo para o desenvolvimento humano.

“Dois terços dos jogadores de futebol desta Copa do Mundo são imigrantes”, começou o cardeal, dizendo que ele estava “encantado” com a “coragem” e “determinação” dos muitos migrantes que realizam viagens de centenas de milhares de quilômetros. Ao mesmo tempo Maradiaga está preocupado com os traumas que sofreram durante estas fugas dos seus países. “Os migrantes são vulneráveis a abusos, exploração e violências – sublinhou -. As crianças acabam nas mãos dos traficantes de drogas, das organizações criminosas e do tráfico de seres humanos, dos funcionários corruptos”.

“Quando eu vejo – acrescentou Maradiaga – como a comunidade internacional reage à crise dos migrantes, eu me pergunto quem tem mais medo: os migrantes ou os Países para os quais os migrantes estão indo? Imaginem se São Paulo tivesse tentado entrar na Europa hoje: teria sido classificado como clandestino e deportado para casa”.

Agradecendo, portanto, as agências católicas internacionais e americanas pelo seu trabalho, o arcebispo de Tegucigalpa exorta o governo dos EUA para que possam ratificar a Convenção sobre os Direitos da Criança, insistindo na importância da educação. “Garantir os direitos das crianças migrantes é o último passo – disse – mas também devemos trabalhar para garantir o desenvolvimento integral da pessoa com a educação, a formação e o crescimento espiritual”.

“A migração – continuou Maradiaga – é parte do desenvolvimento humano. Os migrantes trazem habilidades e mão de obra, são um ativo”. E devem ser valorizados por isso, não reduzidos a mercadorias de troca vítimas daquele tráfico que várias vezes o Papa Francisco denunciou como “crime contra toda a humanidade”. “Temos que trabalhar em uma legislação contra esta chaga, para sensibilizar os católicos, e não somente eles, sobre esta triste realidade”, afirmou o presidente da Caritas Internationalis.

Como pauta dos participantes do Congresso nacional sobre migrações, além do tema dos imigrantes, há também questões relacionadas com a situação dos refugiados e, acima de tudo, dos menores não acompanhados que chegou a 52 mil nos últimos oito meses, provenientes da Guatemala, El Salvador e Honduras, colocados no estado de interrogação nos Estados Unidos. (Trad.T.S.)

 

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