Preparação remota – família como primeiro ambiente de preparação para a vida matrimonial

 

A preparação remota abraça a infância, a pré-adolescência e a adolescência, e desenrola-se sobretudo na família, e também na escola e nos grupos de formação. (PSM-22)

Por André Parreira

 

SãO PAULO, 06 de Setembro de 2013 (Zenit.org) – Os documentos da Igreja, em especial o “Preparação para o Sacramento do Matrimônio (PSM)”, reconhecem a imensa importância da família como primeiro ambiente de preparação para a vida matrimonial.

Na coluna anterior (Edição do Zenit de 23 de Agosto) nos dedicamos a comentar que a família é o semeadouro desta vocação através de estilo de vida que a favoreça. Comentamos que o exemplo dos pais de entusiasmo e comprometimento é o ponto de partida e, de outro lado, muitos comportamentos e comentários, até de famílias católicas, acabam desvalorizando o matrimônio e desencorajando seus filhos a comprometerem-se com este desafio. 

Porém, ainda dentro da etapa denominada preparação remota, além de favorecer o desabrochar do interesse pelo matrimônio, a família é também responsável por desenvolver uma “hierarquia de valores” para que seus filhos possam sobreviver aos atentados que o matrimônio recebe constantemente da sociedade e para que tenham a maturidade “necessária para escolher o que de melhor oferece a sociedade, segundo o conselho de São Paulo: “Examinai tudo: abraçai o que é bom” (1 Tess 5,21)”. (PSM-26).

Tal responsabilidade é um grande desafio, pois almeja que os adolescentes adquiram, em confronto com o ambiente, uma capacidade crítica e tenham também a “coragem cristã de quem sabe estar no mundo sem ser do mundo” (PSM-27). Nosso objetivo não deve ser blindá-los de conhecerem os absurdos que acontecem na sociedade. O que podemos (e devemos) fazer é administrar esse choque de realidade para que não ocorra precocemente e para que, quando se vejam no meio de inúmeros convites, possam selecionar o que é bom, mas o “bom” de verdade pautado pelo Evangelho! Digo isto para não cairmos na armadilha do “bom” subjetivo. Os defensores e praticantes das novas teorias de gênero, do aborto e da fornicação como evolução social, entre outras, não agem assim por pensarem que tudo isso seja bom?

Quem aceita o belo desafio de formar os filhos para “estarem no mundo sem serem do mundo” e de reconhecerem o que é “bom” precisa antes testemunhar pessoalmente a mesma luta. 

A responsabilidade dos pais na preparação remota não é diferente daquela assumida na celebração do matrimônio, a de educar os filhos na fé católica.

Quem educa na fé, procura viver com alegria seu matrimônio e cultivar nos filhos o despertar da vocação, seja religiosa ou matrimonial. Não deixa de destacar as virtudes evangélicas e procura vivê-las primeiramente. Se atenta para expressar, desde a infância de seus filhos, a beleza da fidelidade e a paz interior de viver a sexualidade de modo saudável e equilibrado.

Quem reconhece o valor do matrimônio e quer ser estímulo para seus filhos não aceita assistir e deixar que eles assistam às novelas que induzem o pensamento de que é tudo normal e filmes em que o matrimônio não passa de uma aventura. Nem reproduz em seu lar músicas e danças maliciosas que nos reduzem a objetos e desvalorizam o dom da sexualidade. Se esforça para criar um ambiente propício para uma “leal e corajosa educação para a castidade, para o amor como dom de si”.(PSM-24)

Proponho um rápido exercício: se você fosse seu(sua) filho(a) adolescente, vivendo no ambiente que você cultiva hoje em seu lar, se sentiria encantado e motivado a se casar e  a constituir um lar cristão?

A tarefa parece pesada, mas a Igreja nos oferece grande ajuda através da vida paroquial. Pois, além do lar como ambiente de formação, na paróquia “é necessário “inventar” modalidades de formação permanente para os adolescentes no período que precede o noivado”. (PSM-31). Os momentos de catequese, os movimentos e pastorais com jovens e os padres em suas homilias precisam “sublinhar e evidenciar os pontos que contribuem para uma preparação orientada a um possível matrimônio” (PSM-30)

Aqui, proponho uns instantes de reflexão para identificar em sua paróquia as oportunidades que existem para essa formação, como encontros de adolescentes, de namorados etc. Se não consegue se lembrar de algum, procure se informar para conhecê-los e encaminhar seus filhos, conhecidos e até mesmo colaborar com o grupo. Mas se concluir que não existem mesmo, talvez seja a oportunidade de conversar sobre o assunto com seu pároco.

Se a preparação remota for uma realidade nas famílias e paróquias, a etapa seguinte, denominada preparação próxima, será um rico momento de aprofundamento e não apenas um breve contato com as orientações da Igreja ou até mesmo um choque para muitos noivos.

Paz e bem!

 

André Parreira (alparreira@gmail.com), da diocese de São João del-Rei-MG, é autor de livros sobre a preparação para o matrimônio e responsável no Brasil pelo DVD “Sim, Aceito!”, lançado em parceria com a Pastoral Familiar da CNBB. Empresário, casado e pai de 6 filhos, colabora na formação de jovens e casais.

 

Scroll to Top