Moscou adere às exigências das igrejas que decidiram não participar do evento agendado para o 16 de Junho na ilha de Creta
14 JUNHO 2016 – A decisão do Patriarcado de Moscou de participar ou não do histórico Concílio pan-ortodoxo que deveria ser realizado em Creta do 16 ao 26 de Junho era esperado há dias. Após a rejeição das Igrejas Ortodoxas da Bulgária, Sérvia, Antioquia e Georgia, o não de Moscou, com os seus cem milhões de fieis, teria sido o golpe não indiferente ao evento histórico, jamais realizado desde 1054, quando se consumou o cisma do Oriente.
Bem, a decisão chegou agora e congelou toda esperança. Com um texto longo e detalhado preparado depois de uma reunião especial do Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarcado de Moscou anunciou a sua recusa oficial para participar.
O metropolita Hilarion, chefe do Departamento para as relações eclesiásticas exteriores de Moscou, insistiu sobre a necessidade do adiamento, por causa das já anunciadas deserções de outras Igrejas locais. “Todas as Igrejas deveriam participar do Concílio pan-ortodoxo, e apenas nesse caso, as decisões do Concílio seriam legítimas”, declarou Hilarion, citado pelas agências russas.
As igrejas que decidiram não participar criticam os rascunhos dos comunicados pré-conciliares (especialmente o documento sobre o matrimônio e sobre o ecumenismo), os procedimentos estabelecidos para os trabalhos e os problemas de jurisdição dos ortodoxos do Qatar entre as Igrejas de Jerusalém e de Antioquia, que até hoje impedem uma comunhão eucarística.
Daí a afirmação do Patriarcado de Moscou: “A única solução possível, neste caso, é continuar o trabalho preparatório do Santo e Grande Concílio e chegar a um acordo entre todas as Igrejas Ortodoxas sobre a sua convocação para uma data posterior” .
A convocação do Concílio no qual se está trabalhando a cerca de 50 anos, foi anunciada em janeiro desse ano, ao final de uma reunião na Suíça, em Chambésy, de todos os patriarcas das 14 Igrejas Ortodoxas autocéfalas.