Pastoral Juvenil: Nomeação de leigo como diretor do Departamento Nacional «é um sinal de grande abertura»

Nuno Sobral Camelo, da Arquidiocese de Évora, assume importância de manter dinâmica gerada pela JMJ, nas várias comunidades

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Évora, 14 set 2023 (Ecclesia) – O novo diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil considera que a escolha de um leigo para estas funções “é um sinal de grande abertura, de grande reconhecimento”, por parte da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

“É um sinal de grande abertura, de grande reconhecimento do papel dos leigos na construção desta Igreja de futuro, desta Igreja mais próxima, desta Igreja sinodal. É dizer que estamos a querer enriquecer a Igreja também com as experiências que os leigos com a sua vida, com as suas limitações, com as suas ocupações, com os seus próprios desafios pessoais e profissionais trazem à Igreja”, disse Nuno Sobral Camelo, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Para o novo diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), cuja nomeação foi divulgada pela CEP, esta terça-feira, a Igreja quer “efetivamente, colocar no centro da mensagem de Cristo vivo” que é uma Igreja mais aberta, “que está próxima das realidades quotidianas”.

Nuno Sobral Camelo entende que todo o trabalho que foi feito para a Jornada, desde a realidade diocesana à paroquial, “não pode ser perdido”, apontando à JMJ na Coreia, em 2027, e ao Jubileu dos jovens, de 2025, em Roma.

“Aquilo que temos de fazer é ouvir todos, continuar com todos, no meio da loucura da logística conseguimos uma vez por mês reunir as dioceses no mesmo propósito e depois chegavam a casa e reuniam com as suas estruturas e isto mexeu com a sociedade civil, a Igreja foi bater às portas das Câmaras, da Proteção Civil, da Santa Casa, da saúde; Era contraproducente o DNPJ aparecer com uma solução miraculosa e dizer façam isto porque achamos que é muito bom depois das Jornadas: Queremos chegar a essa conclusão em conjunto”, salientou.

O entrevistado acredita que “não vai haver outro tempo como este”, após a primeira edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Portugal, que decorreu de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, e de uma visita do Papa Francisco que “deixou tantas mensagens que vão neste caminho de abertura, de caminho conjunto”.

“De chegar onde nunca chegamos, de ir aos que estão mais afastados, aos mais pequeninos, de trazer a Igreja olhos nos olhos com estes que estão na sua vida, que estão no seu quotidiano. E a Igreja não fica à espera que eles vão à igreja, à celebração, à Eucaristia, vem mais uma vez querer fazer caminho para preparar uma igreja que conta com os jovens, que como dizia o Papa, são o hoje; e, hoje, esta decisão ganha muita relevância, a Igreja até podia dizer: ‘gostávamos muito que no futuro isto pudesse vir a acontecer’. Esta nova equipa centrada num leigo diz: ‘vamos fazer sínodo já hoje, vamos fazer caminho partilhado já hoje, vamos ao encontro das periferias, da vida do quotidiano’”, desenvolveu.

O novo diretor do DNPJ, que foi o responsável pelo Comité Organizador Diocesano (COD) da Arquidiocese de Évora para a JMJ Lisboa 2023, considera que o “acompanhamento é uma aposta de futuro”, algo que quer “validar em conjunto” com a equipa do DNPJ, com as dioceses, movimentos e congregações, que constituem o Conselho Nacional da Pastoral Juvenil.

Segundo o responsável, depois de uma Jornada que “correu bem”, “acompanhar é a palavra de ordem, e esse “tem de ser o foco do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil”.

“Acompanhamento de jovens a jovens, de jovens adultos a jovens, de estruturas a jovens, da Igreja aos jovens, da comunidade aos jovens. Temos de ter um acompanhamento muito sério, muito próximo, e para isso também temos que nos preparar”, acrescentou, destacando, neste contexto, a importância da “formação para o acompanhamento”, que começa a ganhar uma relevância “muito grande, a verdadeira escola de acompanhamento”.

Nuno Sobral Camelo foi nomeado como novo diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), pelo Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), esta terça-feira.

O anterior diretor do DNPJ, padre Filipe Diniz (Diocese de Coimbra), foi nomeado assistente do departamento, e a “passagem de testemunho” já aconteceu, em Fátima, esta terça-feira.

“Facilitou-me a vida e a todos nós querendo continuar connosco, aceitar ficar como assistente~, o que é uma bênção e sinal de continuidade. Garante alguma continuidade da vivência na Jornada Mundial da Juventude”, assinalou o entrevistado.

Segundo Nuno Sobral Camelo, o DNPJ tem uma “equipa nuclear, reduzida”, e, depois, vão envolver as pessoas dos movimentos, das dioceses, das congregações, “conforme for necessário, segundo o desafio que se coloca, a área a trabalhar”.

“Importa ter equipas eficazes e direcionadas para os resultados, para atingir o que nos propomos, e isso é um processo que vai estar permanentemente em construção. Queremos chegar a todos e contar com todos, e isso é o mais importante, é assim que tem de ser depois da experiência da Jornada”, desenvolveu.

Neste momento, o DNPJ já está a trabalhar na primeira reunião do novo ano pastoral e deste triénio, o Conselho Nacional da Pastoral Juvenil, que se vai realizar no dia 7 de outubro (sábado), em Leiria.

CB/OC

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Nuno Sobral Camelo, 46 anos de idade, é geógrafo de profissão, trabalha no Serviço Municipal de Proteção Civil de Évora, é casado e tem dois filhos; a nível pastoral está ligado ao CNE (Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português) e ao Agrupamento 320 de Nossa Senhora Auxiliadora, à pastoral vocacional dos salesianos, e à pastoral juvenil da Arquidiocese de Évora.

“Experiências de caminho que fui fazendo e ficam sem efeito com esta nova missão; o planeamento que fiz foi nesse sentido, foi perceber que para tomar este leme não podia continuar a fazer tudo o resto, fazem parte do meu percurso, e é também por isso que estamos a falar hoje”, assinalou.

O novo diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil explica que não vai exercer estas funções a tempo inteiro, “apesar de se ter colocado a possibilidade de interromper a atividade profissional”.

“Para compensar essa não-adesão a tempo inteiro, acabei de deixar tudo o resto que me ocupava muito tempo de qualidade. Agora o tempo de qualidade, para lá da profissão, passa a ser ocupado com a família e estes afazeres. Foi uma decisão minha focar-me nesta missão, e tem um trabalho de amadurecimento também familiar”, acrescentou Nuno Sobral Camelo.

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