Papa Francisco: Em muitas cidades se vive como se fossem desertos

VALÊNCIA, 26 Abr. 16 / 04:00 pm (ACI).- O Papa Francisco fez uma visita surpresa no último domingo a Vila Borghese, em Roma (Itália), para participar do encontro “Aldeia para a Terra”, organizado pelo Movimento dos Focolares. Na ocasião falou acerca da vida nas cidades, onde muitas pessoas vivem e morrem como se estivessem em um deserto.

 

A “Aldeia para a Terra”, promovida junto ao Earth Day, aconteceu entre os dias 22 e 25 de abril com o lema “Viver juntos na cidade”. No último dia, o tema foi “Roma, cidade aberta à fraternidade”. Em seu site, os Focolares indicaram que o centro dos temas foi o cuidado do planeta, a legalidade, o diálogo inter-religioso e a solidariedade.

“Vieram-me à mente duas imagens: o deserto e o bosque”, expressou o Papa ao iniciar sua intervenção. “Pensei que todos vocês fazem com que o deserto se torne floresta… Vão onde há deserto, onde não há esperança, e fazem coisas para transformar esse deserto em floresta”.

“Quantos desertos nas cidades, quantos desertos na vida das pessoas que não têm futuro! Porque… sempre existem preconceitos, temores – exclamou. E estas pessoas têm que viver e morrer no deserto, na cidade. Olhemos o rosto das pessoas quando caminham pelas ruas: estão preocupados, cada um está fechado em si mesmo, faltam sorrisos, falta ternura”, assinalou.

“O deserto é horrível, no coração de todos nós e nas cidades, nas periferias. Inclusive o deserto que se encontra nos bairros residenciais…, mas não devemos ter medo de ir ao deserto para transformá-lo em vida, onde há vida em abundância”, assinalou o Papa.

Nesse sentido, exortou os participantes a fazer “o milagre de transformar o deserto em floresta”.

Para isso, “não devemos ter medo da vida, nem do conflito (…). É verdade, o conflito é um perigo, mas é também uma oportunidade. Quem não se arrisca, não se aproxima nunca da realidade (…). Os conflitos devem ser assumidos, os males devem ser assumidos para resolvê-los”, afirmou.

Do mesmo modo, pediu cultivar “a amizade social”, porque onde esta falta “há sempre ódio e guerra”. “Estamos vivendo uma ‘terceira guerra mundial em pedaços’, por toda parte. Olhem o mapa do mundo e perceberão. Por isso, a amizade social normalmente está relacionada ao perdão… Muitas vezes se trata de aproximar-se: me aproximo deste problema ou conflito, desta dificuldade”, afirmou.

Acrescentou que a amizade social “está relacionada com a gratuidade e esta sabedoria da gratuidade se aprende com o jogo, o esporte, a arte, com a alegria de estar juntos, com a proximidade”.

“É uma palavra, ‘gratuidade’, que não pode ser esquecida neste mundo, no qual parece que a pessoa, o homem e a mulher, que não paga, não pode viver: no centro está o deus-dinheiro. Quem não pode se aproximar para adorá-lo, acaba na fome, na doença e na exploração”.

“A gratuidade é a palavra-chave” junto ao perdão, porque assim “afastam o rancor e o ressentimento”, acrescentou.

“Isto é o que pensei. E como podemos consegui-lo? Simplesmente sendo conscientes de que todos temos algo em comum, de que todos somos humanos. E nesta humanidade nos aproximamos para trabalharmos juntos”, concluiu.

 

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