Papa eleva Santuário dos “cristãos escondidos” a Basílica menor

2016-11-13 Rádio Vaticana – Nagasaki (RV) – O Papa Francisco concedeu o título de “Basílica menor” à Igreja de Oura (Santuário de Nagasaki), ligada à memória dos “cristãos escondidos”, que por mais de dois séculos viveram secretamente sua fé no Japão, depois que a dura perseguição contra os cristãos no final do século XVI levou ao martírio muitos católicos e à expulsão de todos os sacerdotes do país.

 

O Decreto do Vaticano remonta ao final de abril, mas a notícia tornou-se pública com a cerimônia para celebrar o acontecimento realizada nos dias passados na Arquidiocese de Nagasaki.

No mundo são cerca de 1.700 as Basílicas menores. A de Oura é a primeira reconhecida no Japão, país onde as comunidades cristãs são muito pequenas. Muitas vezes, uma paróquia reúne não mais que uma dezena de fieis.

Oura, neste sentido, representa um local fundamental para a história da Igreja japonesa. De fato, esta igreja em Nagasaki foi a primeira construída pelos missionários franceses quando puderam retornar ao país em 1864. O Santuário construído em madeira faz memória aos mártires crucificados na perseguição de 1597. Anos mais tarde foi transformado em uma igreja em estilo neogótico.

Poucos meses após a sua chegada, em 17 de março de 1865 foi grande a surpresa dos missionários ao ver chegar naquela igreja uma delegação de um grupo de comunidades que viviam nos povoados ao redor de Nagasaki. Guiados por uma obstetra, queriam saber se eles eram os sucessores dos “bateran”, os “padres” expulsos séculos antes. Em todo este tempo, eles haviam vivido secretamente a mensagem cristã recebida dos primeiros missionários.

Este testemunho é muito caro ao Papa Francisco, que mais de uma vez citou como modelo. “Sobreviveram com a graça de seu Batismo – comentou em 15 de janeiro de 2014 durante a Audiência Geral. Isto é grandioso: o povo de Deus transmite a fé, batiza os seus filhos e segue em frente. E mantiveram, mesmo em segredo, um forte espírito comunitário, porque o Batismo os fez tornar-se um só corpo em Cristo: eram isolados e escondidos, mas eram sempre membros do povo de Deus, membros da Igreja”.

Com o reconhecimento da Igreja de Oura como Basílica menor, é indicado aos cristãos de todo o mundo um local para fazer memória dos “cristãos escondidos”. “Esta igreja – comentou o Arcebispo de Nagasaki, Mitsuaki Takami na celebração de reconhecimento – foi palco de um acontecimento que marcou a transição de um tempo em que a nossa fé era proibida a outra em que tornou-se livre. E hoje é chamada a redescobrir um papel mais que nunca central em nosso futuro”. (JE)

(from Vatican Radio)

 

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