Mulher é ameaçada de prisão se falasse ou escrevesse, nos Estados Unidos, sobre o que lhe aconteceu

Elisa Anna Gomez, que viajou dos Estados Unidos para a Itália, explica o sofrimento que experimentou após ter “alugado” o próprio útero a um casal homossexual

 

3 fevereiro 2016 – “A fim de que os italianos caiam na real sobre o que é a maternidade substitutiva”. Este é o cartão de visita que Toni Brandi, presidente de ProVita Onlus, apresentou, junto com o senador italiano Lucio Malan, durante uma coletiva de imprensa no Senado, da americana Elisa Anna Gomez.

Rosto de menina, Gomez é, na verdade, já uma mulher. É mãe de um menino que faz parte da Força Aérea e de uma menina que estuda medicina. Tem também uma terceira filha, que, porém, por um cruel jogo do destino, não pode ver.

Enquanto narra o que lhe aconteceu, com a voz quebrada pela emoção um véu de lágrimas cobre-lhe os olhos. A sua história é semelhante à de várias outras mulheres, de Países em desenvolvimento, bem como das periferias dos Estados Unidos ou do Canadá, que, para manter a própria família estão dispostos a tudo. Inclusive a alugar o próprio corpo.

É 2006 quando Elisa decide oferecer-se em um fórum online como mãe substituta. O faz no Estado em que mora, Minnesota, onde este tipo de prática não é legalmente permitido. “Conheci vários casais – disse a mulher – por meio de um site sem aconselhamento jurídico e escolhi um casal homossexual”. Gomez fala de ter ficado impressionada com estes dois homens, com os quais decide, então, assinar um acordo que, além de garantir uma compensação, reconhece-a, para sempre, mãe da criança e a garantia de estar sempre presente na sua vida.

No entanto, como ensinam os latinos, verba volant (as palavras voam). Também porque, sugere outro ditado latino, as aparências enganam. A gravidez ocorre normal. Gomez carrega no ventre a sua filha com alegria e com a confiança de que poderia vê-la frequentemente.

Mas as coisas mudam quando entra em trabalho de parto. O casal gay começa a ficar do seu lado de forma mórbida. “Assim que nasceu a bebê, imediatamente me senti ligada a ela, percebi que era minha filha e sabia que não podia separar-me dela”, explica.

Os dois “clientes” parecem se preocupar com este vínculo afetivo e se oferecem para acompanhar a mãe e o bebê à casa, após receber alta do hospital. Gomez aceita, sobe no automóvel e aqui compreende que a atitude dos dois homossexuais mudou drasticamente.

Tentam tranquilizá-la, mas Gomez tem a impressão de que os dois querem se livrar dela. Levam-na para casa e carregam consigo a sua filha. “A partir daquele momento me senti como um mero fantasma de mim mesma”, acrescenta. Mas, o verdadeiros fantasmas se tornam os dois “clientes”. O casal – explica – “de improviso cortou as comunicações e deixaram o Estado sem dar-me explicações”. Gomez não encontra consolo nem sequer junto às autoridades que – afirma – “não me ajudaram, tratando-me como se aquela menina não fosse minha”.

Tenta tomar medidas legais, mas está extremamente queimada. Depois de um primeiro julgamento – diz ela – “o juiz disse que eu não era a mãe de minha filha, mas apenas um doador genético”. A mulher decide apelar, onde os juízes reconhecem a sua ligação de parentesco com a pequena, mas estabelecem que ela deve deixar a criança com o casal homossexual.

O pesadelo não termina aí. Gomez – que é pintora e mantém sua família realizando vários trabalhos – se vê forçada a pagar 600 dólares de pensão alimentícia e é ameaçada de prisão se falasse ou escrevesse, nos Estados Unidos, sobre o que lhe aconteceu. Aqui na Itália, onde é livre desta censura de Estado, fala com as lágrimas nos olhos sobre os sofrimentos da sua filha. “As ligações telefônicas que fiz ao casal pouco depois do seu nascimento – diz – foram traumatizantes, porque escutava o bebê gritar desesperadamente no fundo”.

“Fui ingênua”, reflete amargamente Gomez, que declara não ter visto mais a sua filha desde que essa tinha dois anos e meio e acrescenta: “Tenho certeza de que milhares de mulheres, no mundo, sofrem o que sofri”. São as muitas mulheres exploradas, forçadas pela violência ou pela fome, a “alugar” o próprio útero. “Eu não sou uma escrava e minha filha não é um objeto – diz – há leis contra a venda de partes do corpo humano, e ainda assim a barriga de aluguel é aceita”.

E enquanto Gomez revela a sua história angustiante, no mesmo edifício, na Sala do Senado da Itália, começou uma discussão sobre ddl Cirinnà. “Conheço um pouco este texto – afirma a mulher americana – e acho que a stepchild adoption fará muitas mulheres caírem na minha situação”.

 

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