Mons. Martin: “Que as famílias não se desanimem”

O arcebispo de Dublin expressou esperança em vista do Encontro Mundial das Famílias de 2018

 

30 MAIO 2016 – Diante de uma cultura em mudança, a família deve ser reavaliada como uma instituição e não deve se desanimar, assim falou à ZENIT mons. Diarmuid Martin, arcebispo de Dublin e vice-presidente da Conferência Episcopal Irlandesa, que se encontrou conosco na terça-feira passada na coletiva de imprensa de apresentação do próximo Encontro Mundial das Famílias, programado em Dublin do 22 ao 26 de agosto de 2018, com o tema “O Evangelho da Família, alegria do mundo”.

Em entrevista com Zenit, o prelado também falou sobre a importância dada às famílias perseguidas, o impacto do encontro de Filadélfia, em setembro de 2015, sobre o encontro de Dublin e das esperanças que ele tem nas famílias irlandesas no mesmo evento.

O arcebispo de Dublin, também argumentou sobre as razões pelas quais o Papa Francisco ‘revolucionou’ o conceito de Sínodo e sobre como os frutos sinodais exijam a contínua colaboração da Igreja.

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ZENIT: Monsenhor Martin, como, na sua opinião, o Papa Francisco apoiou a família e por que este Encontro Mundial das Famílias do qual sereis anfitriões, é tão importante?

Mons. Martín: Serão dias de um processo começado pelo Papa Francisco, desde os primeiros dias do seu pontificado. Para o Sínodo, ele escolheu o tema da família. Revolucionou o conceito de Sínodo, incluindo neles a presença de famílias como ouvintes especialistas e esse processo continuou. É um processo de acompanhamento das famílias, nos seus desafios e dificuldades, incluindo as dificuldades econômicas e culturais em que vivem. As famílias – ou pelo menos a sua grande maioria – dão o melhor de si, em um contexto cultural e econômico que nem sempre é muito favorável. Precisamos, portanto, apoiá-las, incentivá-las e também nos comprometermos a uma legislação e uma política econômica que permitam-nas a continuar a fazer o que sempre fizeram.

A maioria das famílias ficam muito felizes quando os seus filhos dão o melhor de si e ficam muito orgulhosas quando os seus filhos se comportam bem. Quando falamos de famílias na Igreja, não entendemos somente o seu envolvimento na estrutura eclesial, mas também do seu testemunhod e amor a Jesus Cristo, do amor terno de Deus, especialmente através do amor para com o próprio esposo ou a própria esposa e aos próprios filhos. Talvez, na Igreja, não tenhamos sublinhado suficientemente tudo isso, como deveríamos ter feito.

ZENIT: Como olhar para as famílias que, nesses momentos, experimentam a perseguição?

Mons. Martín: Num contexto internacional, é necessário levantar esta questão. Muitas vezes, os membros destas famílias oferecem um testemunho extraordinário, mesmo pelo simples fato de serem cristãos, em um mundo onde se tornaram cidadãos de série B.

ZENIT: O Encontro Mundial da Filadélfia desempenhou algum papel na preparação deste de Dublin?

Mons. Martín: Bem, eu estive lá e observei. Acho que um dos problemas principais na Filadélfia foi o fato de que o nível de segurança estivesse extraordinariamente elevado, portanto, esperamos que, na Irlanda, não soframos ameaças que façam elevar o nível de segurança… Muitas pessoas só querem ver o Papa. Fora isso foi um evento realmente muito bem organizado e certamente nós vamos aprender desta experiência.

ZENIT: Há algo que você gostaria que as famílias irlandesas aprendessem deste encontro? Do que elas precisam?

Mons. Martín: Espero que aprendam a dar novamente à família o valor de uma instituição e não se desanimem diante de uma cultura que muda. Espero que sejam capazes de explicar aos seus filhos que os valores fundamentais da família respondem às seguintes perguntas: por que as pessoas devem ser fieis? Quais são os benefícios desta fidelidade? E as famílias vão realmente experimentar isso.

Dei um exemplo quando no Sínodo falei de quando trabalhava em um instituto de Londres para ex-prisioneiros. Diante de uma das maiores prisões de Londres, tínhamos um pequeno negócio destinado a ser demolido. E me lembro que oferecemos às mulheres dos presos, um lugar onde deixar as suas crianças, dado que não podiam leva-las para a prisão. Estas mulheres, porém, não faltaram nem sequer uma semana, mesmo que tivessem visitado alguém que provavelmente tinha sido infiel. E disse que, provavelmente, eu não seria capaz de pronunciar a palavra ‘indissolubilidade’ mas sabiam o que significava a fidelidade. Esta era a coisa extraordinária. E aquela visita significava muito para a pessoa que estava na prisão.

ZENIT: Excelência, o senhor lê Zenit?

Mons. Martín: Sim, porque sou curioso das coisas que acontecem na Igreja.

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