Matrimónio: É preciso afirmar «a beleza» de um sacramento «às vezes reduzido a um processo burocrático»

Diz Pedro Vaz Patto, juíz do Tribunal Eclesiástico de Lisboa

 

Lisboa, 17 mar 2015 (Ecclesia) – O juiz Pedro Vaz Patto, do Tribunal Eclesiástico de Lisboa, defendeu hoje a necessidade da Igreja Católica “investir mais na promoção da beleza do matrimónio, de forma positiva”, sobretudo junto dos jovens.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, aquele responsável destacou a importância de reforçar a “preparação para o casamento”, não só “imediata” mas ao longo do tempo.

Desta forma a Igreja Católica estará a “prevenir situações” que fazem com que hoje existam muitas “famílias feridas, por questões de divórcio e outras”, sustentou.

Para Pedro Vaz Patto, é fundamental que as estruturas católicas estejam atentas a um “fenómeno cada vez mais generalizado, em muitos países: o da recusa do próprio matrimónio”.

“Em causa“, na opinião daquele responsável, está “a incompreensão do que é verdadeiramente o matrimónio, às vezes reduzido a um processo burocrático, ao ter papel passado, como se diz”.

“Não é assim, no fundo o casamento é a expressão pública de uma doação para toda a vida, de uma doação incondicional, e é isso que a Igreja, que os cristãos, devem pôr em relevo”, salientou.

A participação dos casais cristãos no processo de formação dos candidatos ao matrimónio, através “do seu testemunho”, é essencial, pois transportam consigo a experiência de uma vida “que não é só um mar de rosas, é feita de muitas dificuldades”.

O atual presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Igreja Católica, abordou estas questões no âmbito de uma conferência no Seminário de Alfragide, para os serviços da Conferência Episcopal Portuguesa, intitulada “A família no contexto do Sínodo dos Bispos”.

Frisando que a preparação dos casais para o matrimónio “deverá vir mais em relevo” na próxima assembleia extraordinária do Sínodo, em outubro, o juiz ressalvou que esta maior exigência “não significa fechar as portas às pessoas que se dirigem à Igreja e que habitualmente não a frequentam”.

Até porque “a vocação para o matrimónio não é reservada a uma elite, de pessoas perfeitas”, complementou.

Ao longo da conferência, Pedro Vaz Patto abordou a sua experiência no Tribunal Eclesiástico de Lisboa, onde lida com processos de declaração de nulidade do matrimónio.

Sem prejuízo da noção de “indissolubilidade do casamento”, pois o que está em causa é “saber se o sacramento é ou não válido”, o juiz encara este procedimento como uma solução viável para “regularizar a situação” de muitas pessoas hoje em “sofrimento”.

“E tornar este processo mais acessível é algo em que a Igreja está atualmente empenhada”, assegurou.

A reunião dos serviços da Conferência Episcopal Portuguesa, no Seminário de Alfragide, contou com a participação do bispo de Angra, D. António Sousa Braga.

Recentemente recuperado de uma intervenção cirúrgica, o prelado presidiu à eucaristia do encontro.

JCP

Agência Ecclesia

 

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