Francisco: paternidade responsável, tal como proposta por Paulo VI

O Santo Padre explica que o autor da Humanae Vitae foi um profeta

 

Roma, 21 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) Redacao

O papa Francisco falou nesta segunda-feira dos baixos índices de natalidade na Itália e na Espanha e disse que ser católico não significa ter filhos “como coelhos”. Durante a coletiva com os 77 jornalistas que viajavam no avião de Manila para Roma, o Santo Padre foi interrogado, entre outros temas, sobre a contracepção. Ele recordou que a Igreja promove o princípio da paternidade responsável, contido na Humanae Vitae de Paulo VI, um papa que “foi um profeta”.

Reproduzimos a seguir as palavras do papa Francisco:

“Eu queria falar de Paulo VI… É verdade que a abertura à vida é a condição do sacramento do matrimônio. Um homem não pode dar o sacramento à mulher e a mulher a ele, se, neste ponto, eles não estão de acordo em ficar abertos à vida, não? A ponto de que, se for provado que ele ou ela se casou com a intenção de não estar aberto à vida, o matrimônio é nulo. É causa de nulidade matrimonial. Abertura à vida.

E Paulo VI estudou isto com a comissão, como fazer para ajudar em tantos casos, em tantos problemas. E problemas importantes, que afetam o amor da família. Problemas de todos os dias e… muitos, muitos. Mas havia mais. Paulo VI não rejeitava os problemas pessoais. Ele dirá depois aos confessores para serem misericordiosos e compreender as situações, perdoar… Ser misericordiosos, compreensivos. Mas ele também levava em conta o nemalthusianismo universal que estava em voga. E como se chama este neomalthusianismo? É esse menos de um por cento de nascimentos na Itália, na Espanha. Esse neomalthusianismo que tentava um controle da humanidade por parte das potências.

Isto não significa que o cristão tem que ter filhos em série. Eu repreendi uma mulher, faz alguns meses, numa paróquia, porque ela estava grávida do oitavo e tinha sete cesáreas. “Mas você quer deixar os sete órfãos?” Isso é tentar a Deus. Falamos de paternidade responsável. Esse é o caminho, uma paternidade responsável. Mas o que eu queria dizer é que Paulo VI não foi um antiquado, alguém fechado. Ele foi um profeta que, com isto, nos disse que temos de ter cuidado com o neomalthusianismo. Obrigado”.  

Depois de outra pergunta sobre a mesma questão, o Santo Padre acrescentou:

“Eu acho que o número de três por família que você menciona… Creio que é o que dizem os técnicos, que é o importante para manter a população, não é? Três por casal. E quando diminui isto, acontece o outro extremo, o que acontece na Itália. Escutei, não sei se é verdade, que em 2024 não haverá dinheiro para pagar os aposentados [italianos]. A diminuição da população… E, por isso, a palavra-chave para responder é aquela que a Igreja sempre usa. Também eu! Paternidade responsável. Como se faz isto? Bom, com o diálogo. Cada pessoa, com o seu pastor, tem que procurar como fazer essa paternidade responsável.

Esse exemplo, que eu mencionei agora há pouco, daquela mulher que esperava o oitavo e tinha sete nascidos por cesárea. Mas isto é uma irresponsabilidade! ‘Não, eu confio em Deus’. Mas veja, Deus te dá os meios para… Ser responsável, não é? Alguns acham que, me desculpem a palavra, que para ser bons católicos devemos ser como coelhos. Não! Paternidade responsável. Isto é claro. E, por isso, na Igreja, há os grupos matrimoniais; há os especialistas nisto, há os pastores, e podemos procurá-los. E eu conheço muitas, muitas saídas lícitas que ajudaram nisto.

E que curiosa outra coisa em relação com isto. Para as pessoas mais pobres, um filho é um tesouro. É verdade que aqui também é preciso ser prudentes, não? Mas, para eles, um filho é um tesouro. E Deus sabe como ajudá-los. Talvez alguns não sejam prudentes nisto. Paternidade responsável. Mas podemos ver a generosidade daquele pai e daquela mãe que veem em cada filho um tesouro”. 

 

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