2015-08-12 Rádio Vaticana – Jakarta (RV) – Grupos de extremistas islâmicos conseguiram barrar a construção da Igreja de Santa Clara no distrito de Bekasi, oeste de Java, após uma grande manifestação ao longo de toda segunda-feira (10/8). Os demonstrantes afirmam que a comunidade católica não tem a permissão para construir o templo, fato negado pelo Prefeito local, Rahmat Effendi, que mostrou um documento com a aprovação, o que o levou a ser acusado de forjar o documento, mediante pagamento de propina.
Para “minimizar as tensões”, o prefeito aconselhou os cristãos a pararem com a construção da Igreja. Eles passarão a celebrar as missas dominicais em um edifício de propriedade do exército.
Burocracia
Desde 2006, a permissão para construir igrejas (IMB, Izin Mendirikan Bangunan) tornou-se complexa. Segundo um decreto conjunto do Ministério do Interior e para os Assuntos Religiosos, cada projeto de igreja, para ser aprovado, deve ter a assinatura de pelo menos 90 fieis e ser apoiado por ao menos 60 signatários residentes na área, além de ser aprovado pelo chefe do vilarejo ou cidade.
A Paróquia de Santa Clara – que aguardava a permissão há 17 anos – obteve todas as assinaturas e o IMB foi concedido em 28 de julho. Mesmo assim, grupos de extre-mistas islâmicos, aparentemente não-residentes, exigem que o plano de construção da igreja seja desmantelado. Ali Murtado, um dos manifestantes, afirma que nenhuma igreja deve ser construída em North Bekasi, cidade constituída somente por “pios muçulmanos”. “Nós exigimos que o prefeito que emitiu o IMB o revogue, pois os funcionários da prefeitura o elaboraram mediante pagamento de propina”, acusou.
Acusações infundadas
Um dos paroquianos, revelou à Asianews que esteve pessoalmente envolvido no processo de obtenção da licença e que todas as exigências legais foram cumpridas. “O comitê de controle inter-religioso – afirmou Emmanuel Dapa Loka – e os representantes do Ministério dos Assuntos Religiosos de Bekasi vieram visitar o local onde surgirá a Igreja”, que acolherá pelo menos 9 mil fieis, o que comprova que a acusação dos manifestantes são infundadas.
Desde a queda do Presidente Suharto, em 1998, a Indonésia tem se caracterizado cada vez mais pela intolerância religiosa. O atual governo não consegue reduzir a influência dos grupos muçulmanos extremistas, que sempre mais, oprimem grupos minoritários, sobretudo católicos e protestantes. A permissão para construir ou restaurar uma capela ou igreja tornou-se crucial para estes grupos. (JE)