Questões como a lei do abordo e da natalidade devem estar «muito diante dos olhos», realça D. Manuel Clemente
Fátima, Santarém, 16 abr 2015 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) sublinhou hoje, no contexto das próximas eleições legislativas, a urgência de serem abordados temas como a lei do aborto e o apoio à natalidade.
Em conferência de imprensa no final da assembleia plenária dos bispos portugueses, que decorreu durante quatro dias em Fátima, D. Manuel Clemente salientou que “qualquer organismo político responsável tem de ter muito diante dos olhos os problemas que estão ligados à vida e à demografia”.
“Quando dizem algumas previsões que em meados deste século Portugal terá 6 milhões de concidadãos em vez dos atuais 10 milhões, isto não é um problema de somenos, tem de ser pensado, refletido a sério, é um problema de sobrevivência”, apontou o cardeal-patriarca de Lisboa.
Sobre a lei do aborto, o líder do episcopado português referiu que o atual uso da legislação transforma-a “às vezes quase num meio de regulação de nascimentos”, com mulheres e recorrerem a ela “mais do que uma” vez “no prazo de um ano”.
Algo que tem sido “denunciado” nem tanto por “organizações confessionais” mas “por cidadãos, por médicos, por pessoas ligadas ao mundo da saúde”.
“Não foi para isso que a lei foi feita”, sustenta D. Manuel Clemente, para quem mais do que pensar já em mudanças de lei ou em novos referendos importa trabalhar a questão ao nível das “convicções, nas consciências”.
Para aquele responsável católico, uma “sociedade que considera a vida como o primeiro de todos os direitos e a base de todos os outros direitos tem que se organizar nesse sentido” pois muitas vezes “as pessoas são deixadas tão sós que lhes parece que não há outro recurso”.
É no plano das consciências que esta questão deve primeiramente ser trabalhada e “depois também com certeza terá a sua tradução legal”, complementou o presidente da CEP.
Quanto à importância do apoio à natalidade, o cardeal-patriarca de Lisboa recorreu a “previsões” que apontam para a possibilidade de Portugal “em meados do século ter 6 milhões de concidadãos em vez dos atuais 10 milhões”.
“Isto não é um problema de somenos, tem de ser pensado, refletido a sério, é um problema de sobrevivência”, frisou D. Manuel Clemente.
A questão da quebra na natalidade, da redução na demografia, segue de mãos dadas com o progressivo envelhecimento da população, questão que segundo o presidente da CEP também está a ser “muito mal tratada”.
“Por um lado, é um bem estarmos cá mais tempo, mas isso tem que ser complementado pelo refrescamento das gerações e como é que estas coisas depois se ajudam mutuamente, os mais novos aos mais velhos, isto são os grandes problemas, diz respeito a todos”, alertou.
O comunicado final da 186.ª assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa aponta ainda a importância de todos “os que se propõem servir politicamente o país” a pronunciarem-se sobre temas como “a valorização da vida familiar e da educação dos filhos; o trabalho e o emprego, a saúde e a segurança social, o acompanhamento dos que emigram, a integração dos imigrantes e o diálogo sociocultural inclusivo”.