Pequim quer relações com o Vaticano, mas coloca condições

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores pede que a Santa Sé não reconheça Taiwan e que não entre em questões internas de direitos humanos

ROMA, 16 de Dezembro de 2014 (Zenit.org) – Pequim indicou nesta segunda-feira que espera trabalhar com o Vaticano para melhorar as relações bilaterais. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Qing Gang, disse em coletiva de imprensa que confiam que o Vaticano possa “trabalhar com a China na mesma direção”. Além do mais, Qing Gang explicou que uma melhoria das relações depende de que a Santa Sé “possa seguir os princípios relevantes” que Pequim considera fundamentais. Assim, o governo chinês pede duas condições para restabelecer os laços: que o Vaticano termine com as suas relações com Taiwan e que não interfira em seus assuntos internos; ou seja, que renuncie a nomear bispos no país asiático.

Nos últimos meses, tanto a China quanto a Santa Sé manifestaram a sua vontade de melhorar as suas relações diplomáticas, inexistentes desde 1951. Nesse ano, depois do triunfo na guerra civil, o regime comunista expulsou o núncio apostólico e começou uma dura perseguição dos cristãos que incluiu a prisão de todos os bispos, sacerdotes e líderes leigos. Uma década mais tarde, Pequim criou uma “Igreja Patriótica” paralela, controlada pelas autoridades políticas. Desde 1958, o governo nomeou bispos sem a permissão de Roma em várias ocasiões.

Durante a viagem do Papa Francisco à Coréia do Sul, em agosto passado, o avião papal pôde voar pela primeira vez no espaço aéreo da China. Por isso, o Papa argentino enviou uma mensagem ao Presidente da República Popular, Xi Jinping, na qual expressava “melhores votos à Sua Excelência e seus compatriotas, invocando as bênçãos divinas de paz e bem-estar sobre a nação”.

O fato de que Pequim aprovasse o vôo do avião que transportava o Santo Padre por seu espaço aéreo, foi interpretado como um sinal de melhora nas relações tensas entre a China e o Vaticano, já que em uma viagem semelhante à Coréia do Sul em 1989 o gigante asiático negou essa possibilidade a João Paulo II.

Durante a sua visita à Coreia, o Papa Francisco também manifestou o seu interesse em reabrir o diálogo com a China durante um encontro com todos os bispos da Ásia no santuário de Haemi. Durante seu discurso aos bispos, o Papa disse que “em um espírito de abertura, espero firmemente que os países do vosso continente com os quais a Santa Sé não tem ainda uma relação plena não hesitassem em promover um diálogo que beneficie a todos”. Na República Popular Chinesa moram de 8 a 12 milhões de católicos, segundo dados da Santa Sé. 

 

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