Paquistão: famílias “despedaçadas” pela lei da blasfêmia

Dom Coutts, Bispo de Karachi, fala sobre os efeitos negativos causados pelo uso instrumental da lei. Enquanto isso, amanhã, 16 de outubro, ocorre audiência do caso de Asia Bibi

ROMA, 15 de Outubro de 2014 (Zenit.org) – Fala-se muito no Sínodo, no Vaticano, sobre as “famílias que sofrem”. Pois bem, o “protótipo” pode ser encontrado no Paquistão, onde famílias são “despedaçadas” por causa da “injustiça e da intolerância”. Dom Joseph Coutss, presente no Sínodo dos Bispos, apresentou ao Vatican Insider esta realidade que o Paquistão conhece bem.

O prelado dirige o pensamento “a todas as famílias paquistanesas marcadas pelo sofrimento e pela tragédia da divisão: todas as pessoas, tanto cristãos como muçulmanos, acusados injustamente de blasfêmia”.  Vítima conhecida desta instrumentalização da lei no Paquistão é Asia Bibi. Amanhã, 16 de outubro, a Alta Corte de Lahore marcou uma audiência após uma série interminável de adiamentos.

“Estou convencido de que, se a Corte decidir se pronunciar com base nos princípios estabelecidos pela justiça criminal e não influenciada pelas pressões de grupos sectários e extremistas, teremos uma absolvição”, comentou o advogado Naeem Shakir dias atrás à Agência Fides.

“A todas as famílias do Paquistão que vivem um tempo de provação, sofrendo injustamente, dirijo o apoio da Igreja e de muitas ONGs. Expressemos a nossa solidariedade, tentemos ajudá-los, prestando assistência jurídica e apoio com todos os meios possíveis”, destacou o bispo.

Fazendo uma análise histórica e social de seu país, Dom Coutts observou que a intolerância tem crescido constantemente. “Ao longo das últimas duas décadas alimentou-se no Paquistão uma mentalidade de ódio e preconceito contra o Ocidente cristão, que se reflete nos cristãos paquistaneses – explica -. Esta visão tem influenciado os muçulmanos e ainda é alimentada pela pregação de muitas mesquitas, que é o combustível para os extremistas”.

Um bom sinal é dado pelo povo, não apenas cristãos, empenhado na sociedade civil pela defesa “dos direitos humanos e da harmonia”. Neste âmbito encontra-se Malala Yousafzai, a jovem muçulmana que se opôs aos muçulmanos e que recentemente recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Um evento que “estimula a consciência”, de acordo com Dom Coutts, que acrescenta ainda que “se as crianças e os jovens forem educados segundo valores de respeito, diálogo e amizade, a vida do país vai melhorar.”

 

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