Europa/Trabalho: Movimentos Cristãos querem «dignidade» laboral

Portugal acolheu seminário internacional com representantes de seis países

 

Lisboa, 08 jun 2015 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) promoveu o seminário internacional «O trabalho como realização humana e desenvolvimento social e sustentável» onde participaram seis organizações de países europeus preocupados com a construção de uma “sociedade justa”.

“Estamos a discutir e procurar encontrar algumas perspetivas para que se possa construir uma sociedade justa e sustentável com trabalho para todos, com dignidade. Trabalho que realize as pessoas, onde não sejam explorados e se mantenham as pessoas na pobreza como acontece hoje”, disse à Agência ECCLESIA o coordenador nacional da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC).

José Paixão assinalou que os movimentos cristãos refletiram tendo presente a Doutrina Social da Igreja (DSI) e uma das preocupações é o “individualismo” atual na sociedade que afasta as pessoas do “associativismo” e não se mobilizam.

“Cada um é incentivado a pensar só em si que é o contrário da DSI que aponta que se têm de encontrar formas coletivas de resolver o problema das pessoas”, acrescenta, revelando que também procuram encontrar formas dos cristãos perceberem que devem ser “protagonistas da mudança” participando ativamente “das estruturas, dos sindicatos, das organizações”.

O encontro internacional realizou-se no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, com representantes de movimentos de Espanha (HOAC; ACO; USO), de França (ACO), da Alemanha (KAB) e da República Checa (KAP), alguns convidados e intervenientes.

Para o presidente da Hermandad Obrera Accion Catolica (HOAC), a situação dos trabalhadores na Europa é “transversal” e verificam que mesmo nos países mais ricos a realidade “não está melhor”.

Sobre a realidade do mercado de trabalho espanhol, José Fernando Almazán identifica problemas iguais aos de Portugal com “pobreza e precariedade muito grande” mas também “esperança” porque os trabalhadores ainda não perderam a vontade de “lutar pela própria dignidade” que está a ver “submetida e arrebatada por um sistema de ditadura de mercado”.

Neste contexto, o interveniente destaca que o seminário foi interessante para reunirem “forças”, comentarem planos de ação porque não podem “ficar parados” uma vez que o trabalho como “cristãos nas organizações sociais é importante”.

“Trabalho sustentável, digno, são ideias de força que os trabalhadores cristãos dos movimentos europeus tentam levar à realidade dos países e organizações”, frisou José Fernando Almazán.

Para o representante da Hermandad Obrera Accion Catolica, a retoma económica e o crescimento dos países anunciada pelos políticos ainda não tem efeito nos trabalhadores porque a rentabilidade que se mede “é puramente económica e não social”.

Os benefícios das empresas, o pagamento dos impostos por isso quando dizem que “estamos bem”, respondemos que não vemos, a minha vida não melhorou mas está a piorar

“Estamos a usar medições diferentes das necessárias para medir se a vida das pessoas está a melhorar e é preciso mudar”, alertou José Fernando Almazán.

Para além das cinco sessões temáticas com diversos intervenientes convidados para além da partilha das realidades dos diversos países, do programa também constou uma visita à empresa MTS – Metro Transportes do Sul.

O seminário teve o apoio do EZA – Centro Europeu para os Assuntos dos Trabalhadores e da União Europeia e concluiu-se este domingo.

Agência Ecclesia

 

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