Deus quis mandar seu Filho ao mundo em uma Família, diz Papa Francisco na Filadélfia

FILADELFIA, 27 Set. 15 / 09:16 am (ACI).- O Papa Francisco improvisou um magistral discurso no Festival do Encontro Mundial das Famílias realizado na noite de ontem na Filadélfia (Estados Unidos). A seguir a íntegra das palavras do Santo Padre no Benjamin Franklin Parkway.

 

Queridas famílias:

Obrigado aos que deram seu testemunho. Obrigado aos que nos alegraram com a arte, com a beleza que é o caminho para chegar a Deus. A beleza nos leva a Deus. E um testemunho verdadeiro nos leva a Deus porque Deus também é a verdade, é a beleza e é a verdade. E um testemunho, dado para servir é bom, faz-nos bons porque Deus é bondade, leva-nos a Deus.

Todo o bom, todo o verdadeiro e todo o belo nos leva a Deus. Porque Deus é bom. Deus é belo, Deus é Verdade. Obrigado a todos, aos que nos deram sua mensagem e à presença de vocês que também é testemunho. Um verdadeiro testemunho de que vale a pena a família, de que uma sociedade cresce forte, cresce boa, cresce formosa e cresce verdadeira se se edifica na base da família.

Uma vez, um menino me perguntou -vocês sabem que as crianças perguntam coisas difíceis- perguntou-me: Padre, que fazia Deus antes de criar o mundo? Asseguro-lhes que me custou responder e lhe disse o que lhes digo agora a vocês: antes de criar o mundo Deus amava (pausa) porque Deus é Amor. Mas era tal o amor que tinha em si mesmo, esse amor entre o Pai e o Filho no Espírito Santo. Esse nome era tão grande, tão transbordante… que isto, não sei se é muito teológico, mas vocês vão entender. Era tão grande que não podia ser egoísta, tinha que sair de si mesmo para ter a quem amar fora de si mesmo e aí Deus criou o mundo, aí Deus fez esta maravilha em que vivemos e como estamos um pouco enjoados a estamos destruindo.

Mas o mais lindo que fez Deus, diz a Bíblia, foi a família. Criou o homem e a mulher e  lhes entregou tudo, entregou-lhes o mundo, cresçam, multipliquem-se, cultivem a terra, façam-na produzir, façam-na crescer, todo o amor que fez nessa criação maravilhosa a entregou a uma a uma família. Voltamos atrás um pouquinho. Todo o amor que Deus tem em si, toda a beleza que Deus tem em si, toda a verdade que Deus tem em si, ele a entrega à família. Uma família é verdadeiramente família quando é capaz de abrir os braços e receber todo esse amor.

É obvio que o paraíso terrestre não está para cá, que a vida tem seus problemas. Que os homens, pela astúcia do demônio, aprenderam a dividir-se e todo esse amor que Deus nos deu, quase se perde. E pouco tempo depois, veio o primeiro crime, o primeiro fratricídio. Um irmão mata o outro irmão: a guerra.

O amor, a beleza e a verdade de Deus e a destruição da guerra e entre essas duas posições, nós caminhamos hoje. Corresponde-nos, nos corresponde, decidir o caminho ao qual andar. Mas voltemos atrás. Quando o homem e sua esposa se equivocaram e se afastaram de Deus, Deus não os deixou sozinhos. Tanto era o amor, tanto amor que Ele começou a caminhar com a humanidade, começou a caminhar com seu povo até que chegou o momento amadurecido  e lhe deu a mostra  de maior de amor: seu Filho.

E a seu filho, aonde o mandou? a um palácio? a uma cidade? a fazer uma empresa? Mandou-o a uma família. Deus mandou a seu Filho ao mundo em uma família. Deus entrou em mundo por uma família e pôde fazê-lo porque essa família era uma família que tinha o coração aberto ao amor, que tinha as portas abertas ao amor.

Pensemos em Maria, jovenzinha. Não podia acreditar, como pode acontecer isto? E quando lhe explicaram obedeceu. Pensemos em José cheio de ilusões, de formar um lar, encontra-se com esta surpresa que não entende. Aceita, obedece e na obediência de amor, desta mulher Maria e deste homem José, dá-se uma família à qual vem Deus. Deus sempre toca as portas dos corações, gosta de fazê-lo, vem de dentro, mas sabem o que mais gosta? É de tocar nas portas das famílias, encontrar as famílias unidas, encontrar as famílias que querem encontrar as famílias que fazem crescer os seus filhos e os educam e que os levam adiante e que criam uma sociedade de bondade, de verdade e de beleza.

Estamos na festa das famílias. A família tem carta de cidadania divina, está claro? A carta de cidadania que tem a família foi dada por Deus para que em seu seio crescesse cada vez mais a verdade, o amor e a beleza. Claro algum de vocês me podem dizer: Padre, você fala assim porque é solteiro.

Na família há dificuldades, nas famílias se discute, na família às vezes voam os pratos. Nas famílias os filhos trazem dores de cabeça. Não vou falar das sogras, mas nas famílias sempre, sempre há cruz, sempre. Porque o amor de Deus, o Filho de Deus, abriu-nos também esse caminho. Mas nas famílias também depois da Cruz há Ressurreição porque o Filho de Deus nos abriu esse caminho. Porque a Família, me perdoem a palavra, é uma fábrica de esperança, uma fábrica de vida e ressurreição, pois Deus abriu esse caminho. E os filhos, os filhos dão trabalho. Nós como filhos demos trabalho.

Às vezes em casa vejo alguns de meus colaboradores que devem trabalhar com olheiras. Têm um bebê de um mês, dois meses, e lhe pergunto: você não dormiu? “- Não, chorou toda a noite”.

Na família há dificuldades, mas essas dificuldades se superam com amor. O ódio não supera nenhuma dificuldade. A divisão dos corações não supera nenhuma dificuldade, somente o amor é capaz de superar a dificuldade, o amor é festa, o amor é gozo, o amor é seguir adiante e não quero seguir falando porque se faz muito longo, mas queria marcar dois pontinhos sobre a família, aos quais quisera que dessem um especial cuidado. Não só queria, nós devemos ter um especial cuidado: com as crianças e com os avós.

Os meninos e os jovens som o futuro, são a força, os que levam adiante. São aqueles em quem pomos as nossas esperanças. Os avós são a memória da família, são os que nos deram a fé, transmitiram-nos a fé. Cuidar dos avós e cuidar das crianças é a mostra de amor. Não sei se a maior, mas eu diria, a mais promissora da família, porque promete o futuro. Um povo que não sabe cuidar das crianças e um povo que não sabe cuidar dos avós é um povo sem futuro porque não tem a força e não tem a memória que os leve adiante. E bom, a família é bela, mas custa, traz problemas. Na família às vezes há inimizades, o marido briga com a mulher ou se olham feio ou os filhos com o pai. Sugiro-lhes um conselho: nunca terminem o dia sem fazer as pazes na família.

Em uma família não se pode terminar o dia em guerra. Que Deus os abençoe, que Deus lhes dê forças, que Deus os anime a seguir adiante. Cuidemos da família, defendamos a família porque aí se projeta nosso futuro.

Obrigado, que Deus os abençoe e rezem por mi.

Após a saudação final, o tenor Andrea Bocelli cantou o Oração do Senhor, o Pai-Nosso, seguido de gritos de “Viva o Papa”. Concluindo o evento, o Santo Padre deu a todos a bênção apostólica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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