Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário do Sínodo, explica o documento de trabalho
Por Rocio Lancho García
CIDADE DO VATICANO, 26 de Junho de 2014 (Zenit.org) – Foi feita hoje na Sala de Imprensa do Vaticano a apresentação à mídia do “instrumentum laboris” da III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que acontecerá de 5 a 19 de outubro de 2014 com o título “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”. O cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos, foi o encarregado de explicar cada uma das partes do documento.
O “instrumentum laboris” é o resultado da pesquisa promovida pelo Documento Preparatório, que incluía um questionário com 39 perguntas enviado a todas as dioceses do mundo. O questionário “foi acolhido de maneira positiva e teve ampla resposta, tanto do povo de Deus quanto da opinião pública em geral”, declarou o cardeal. Foram realizadas ainda três reuniões do Conselho de Secretaria e duas reuniões interdicasteriais, além da difusão da oração do papa pelo Sínodo da Família, das intervenções do secretário geral em diversas ocasiões e de conferências e simpósios.
O texto tem três partes, coerentes com as temáticas do Documento Preparatório. A primeira, explicou Baldisseri, é dedicada ao Evangelho da família, ao plano de Deus, à lei natural e à vocação da pessoa de Cristo. “O escasso conhecimento dos ensinamentos da Igreja exige dos trabalhadores pastorais mais preparação e compromisso para favorecer a compreensão por parte dos fiéis, que vivem em contextos culturais e sociais diferentes”.
A segunda parte aborda os desafios pastorais inerentes à família, como a crise da fé, as situações críticas internas, as pressões externas e outras problemáticas. “Compete à responsabilidade dos pastores a preparação para o matrimônio, hoje cada vez mais necessária, para que os noivos amadureçam a sua escolha como uma adesão pastoral de fé ao Senhor, para construir a família sobre bases sólidas”, observa o purpurado.
Ele acrescenta que são consideradas de forma particular as situações pastorais difíceis, “que têm a ver com os casais que vivem juntos, os separados, os divorciados, os divorciados que voltaram a se casar, seus filhos, as mães adolescentes, os que estão em irregularidade canônica e os que pedem o matrimônio sem ser crentes ou praticantes”. O secretário do sínodo afirma que é urgente permitir que as pessoas feridas sejam sanadas e se reconciliem, encontrando nova confiança e serenidade. Por isso, “é necessária uma pastoral capaz de oferecer a misericórdia que Deus concede a todos sem medida”.
Quanto aos casais que convivem sem terem recebido o sacramento matrimonial, ele acrescenta: “A Igreja sente o dever de acompanhar esses casais na confiança para assumirem uma responsabilidade, como a do matrimônio, que não é grande demais para eles”. Quanto à “questão dos divorciados que voltaram a se casar, que vivem com sofrimento a condição irregular na Igreja, esta oferece um conhecimento real da sua situação e se sente interpelada a encontrar soluções compatíveis com os seus ensinamentos, que levem a uma vida serena e reconciliada”. A este propósito, existe a exigência de simplificar e acelerar os procedimentos judiciais de nulidade matrimonial. O cardeal também destaca a importância dos cursos de formação para o matrimônio, que devem melhorar, e do acompanhamento posterior do casal. Ele menciona ainda as uniões entre pessoas do mesmo sexo, situação que também demanda o cuidado pastoral da Igreja.
A terceira parte do documento apresenta “as temáticas relativas à abertura à vida, como o conhecimento e as dificuldades na recepção do magistério, as sugestões pastorais, a práxis sacramental e a promoção de uma mentalidade aberta à vida”. Sobre a responsabilidade educativa dos pais, “existe a dificuldade de transmitir a fé aos filhos, que se concretiza na iniciação cristã”.
O purpurado comentou também que o tema da próxima Assembleia Geral Ordinária de 2015 é “Jesus Cristo revela o mistério e a vocação da família”.
O “instrumentum laboris” é entregue aos membros de direito da Assembleia Sinodal para que, até a realização da Assembleia Geral, o texto seja estudado e avaliado pelas respectivas Conferências Episcopais, a fim de se chegar à apresentação que cada presidente fará durante a assembleia como contribuição específica aos trabalhos sinodais.
O purpurado observa que o documente dá uma visão da realidade familiar no contexto atual, que representa o início de uma reflexão profunda cujo desenvolvimento se realizará em duas etapas, previstas pela Assembleia Geral Extraordinária (2014) e pela Ordinária (2015), estreitamente unidas pelo tema da família à luz do Evangelho de Cristo. Deste modo, os resultados da Assembleia Extraordinária serão utilizados para a preparação do “instrumentum laboris” da Assembleia Ordinária, depois da qual será publicado o documento final, submetido à aprovação do Santo Padre.
Baldisseri informou, para encerrar, que no domingo 28 de setembro haverá uma jornada de oração pelo sínodo, assim como adoração eucarística cotidiana durante os trabalhos sinodais, na Capela Salus Populi Romani da basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
O “instrumentum laboris” pode ser lido no seguinte link: